Estava voltando pra casa. Muito frio, a jaqueta de couro e dois blusões ainda eram insuficientes contra o vento de 80km que a moto trazia a tona. Logo antes de subir uma lomba para entrar na cidade, via-se a via iluminada por cones de luzes amareladas que formavam os postes devida a forte neblina. O frio era intenso, e aqueles antigos pensamentos chegavam a sua cabeça. As dúvidas sempre certas e os pensamentos mais claros se firmando novamente, uma alma de alívio o tomava quase imediatamente.
As dúvidas e besteiras que iam se formavam automaticamente se dissipavam com o ronco da moto. Eram pensamentos mesquinhos e inúteis que seguidamente assombravam suas idéias tomando espaço das coisas de maior valor.
Foi então que numa curva em que propositalmente ele conseguiu fazer a moto derrapar ao acelerar e incliná-la, que sentiu aquela onda de idéias simples e objetivas tomando-lhe a cabeça. Existem os acomodados, existem os incomodados e existem os 'inquietos'. Lembrou que era híbrido, um meio a meio meio besta, tinha lá seus objetivos e adorava desafios, isto ao mesmo passo que adorava fazer coisas repetitivas de forma sistemática e sem desvios de percurso.
Tudo aquilo passava de sua mente como sempre passou e como certamente voltará a passar, aquela unica certeza era a inconstância constante. Abriu a viseira embaçada e desceu da moto. Deu uma bela olhada para o céu negro levemente estrelado e foi para casa.
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O que precisava mesmo, era disso, de uma loira gelada antes de dormir, daquelas que nos balança a cabeça até o momento de deitar a orelha no travesseiro.
Um comentário:
Eternos híbridos, somos nós.
Maldição do cara lá em cima, tu bem sabe...
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