quarta-feira, fevereiro 8

Quentinho

não aguento mais, ta quente demais
eu odeio isso, eu não posso fazer nada
acho uma bosta essa vida quente
uma bosta, um monte de bosta
que ferve, que exala um cheiro terrível
que sobe nas ondas de vento abafado
saindo desde o maravilhoso asfalto fervendo
que de longe parece água, mas de perto é uma chapa com carros
todos com ar condicionado e vidro fumê
mas não adianta ser o ambiente
sou uma fonte constante de calor, sou eu
e graças a moral atual devo sentir-me ruim por isso
devo me sentir sujo, feio, constrangido
odeio essa merda toda
que não se pode mudar nada, se deve baixar a cabeça e aceitar
vendo pingar desde a fronte, escorrendo na sobrancelha
pinga da orelha e desliza por de baixo da axila
até o lado da barriga

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