quinta-feira, maio 22

Vômito

Os dedos desataram a escrever apenas por exercício.

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Aquela manhã soava como um presságio de dia bom.
Foi de cantos de passaros ao radio relogio, sol na janela
os passos se foram pondo um apos o outro em direção ao nada
viajou de trem, foi voando
"eu sabia que ia me atrasar", resmunguei
nao passava de um pobre menino brincando nos vagoes
sua sorte era pouca, mas pior era ver aquele outro pedindo ajuda
seu sagrado tesouro, sua historia seu conhecimento
nao mais que 15 anos...pobre garoto.
pelas ruas procurando emprego, nao mais que salario minimo
nao mais que o desgraçado, soh mais um pirralho pelas ruas
ouviu bossa nova de graça perto do teatro
começava a chover no parque pela meia hora
se sentia bem enquanto escutava a batida, o ritmo
ele entrou mas nao conhecia ninguem
o tom da musica baixou, e junto se curvava por um pedaço de pão
para o fundo do poço, estava escorregando o tobogã
sem para-quedas sabia que hora outra acabaria de cara no chão
quando alguem acendeu a luz e perguntou quem era
"eu não me importo, estou bem assim"
o cavalheiro saiu da varanda com um saco de comida na mão
seu orgulho burro e feio lhe dava socos de fome no estomago
nao era mais o que nunca foi, nem conseguiu sonhar aquilo que queria ser
talvez um sultão, talvez um crioulo
no trem, ele voltava pra casa, depois da vida que levara,
depois da historia que tinha pra contar
soh batucava aquela batida do teatro, nao cantava
"boa noite meu principe!"
com o beijo selava a estupidez de sua brincadeira de gente grande
sentia o sintilar dos solos daquela guitarra que parecia jazz
no peito, ofegante, sentia sua alma querendo sair, explodir o mundo, domina-lo
"estou aqui pra voce", "acalme-se, o sol ja vai nascer"

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