quarta-feira, novembro 19

Vento

Eu sou o velho nada
isso não muda com tempo
Eu corro até a saída
zunindo sem um corpo

Eu já vi todas as calcinhas
as azuis, as verdes até as dentais
Invadi todos os salões
As vezes passo reto, débil mentais

Eu sou tudo por onde veja
o estrondo do raio
o barulho do que quer que seja
das montanhas eu caio

Eu não vejo nada, não aprecio a luz
Sou o motor dos veleiros
Que os mestres piratas seduz
As sereias nuas nos rochedos
Com seus cachos pendurados na cruz

Eu sou o da mudança, cheiro de esperança
Eu sou o rio invisível, indistinguível
Já vim do norte, vou para o leste
Não me interesse mais aqui
Vou para um lugar que preste

O companheiro dos desertos
Aquele que levanta todos os grãos
Escrevendo de novo, nunca ficando certo
Igual de forte, seja alto ou anão

Preste atenção meu amigo
Eu posso mostrar o caminho
Eu não sou seu inimigo
Siga por ali, acompanhado, sozinho

Eu indico seu caminho
Sinta o nada batendo na cara
Perceba tudo direitinho
Não importa por onde, tudo nunca para

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