18/05/2012
Para encurtar, para poder deixar aqui, em preto, quem sabe outra cor num outro dia, seja como for, para delirar em química, morena e suor.
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Ele estava fumando na frente de casa, gostava de sentar-se na cadeira de praia com uma latinha de cerveja ao lado e sentir um pouco de frio, sabia que assim que chegasse, o tempo mudaria, o frio seria só uma lembrança. Chegou com seu carro roncador, daqueles cheio de estilo e com muita história pra contar. Não parou exatamente na frente, começou a manobrar para fazer a volta por aquela rua estreita. Ele colocava no lixo a latinha de Bohemia costumeiramente amassando-a na palma de suas mãos, doía e deixava marcas e eventualmente até poderia sangrar, mas era mania, não gostava de faze-las ocuparem mais espaço do que o necessário.
Entrou e trocaram de lugar, por mais que fosse dela, ele gostava de dirigir e ela... bom, talvez ela simplesmente estivesse cansada, ou quem sabe gostasse de vê-lo dirigir, ou então se sentisse mais segura indo de carona.
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Festa estranha com gente wisky... bom, ele não conhecia, ele nasceu no bar.
Os ânimos estavam vagando pelas luzes e o som fazia mexer a barriga, eram tunts tunts eram nos pandeiros e na bateria. Ele aos poucos se sentia mais tonto, a música alta, luzes que piscam, cheiro estranho. De súbito toca uma música que lhe agrada, ele se depara com ela já bailarina dançando como uma nuvem de pés e quadril, usava os ombros mexia os braços, ela tinha um domínio sobre o próprio corpo que ele não fazia ideia de como era possível. Ela é linda.
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O amigo apareceu com mais chopp, meio aguadinho aquele, bem barato e canecas de acrílico. Eu enxergava nuvens de felicidade no rosto de cada um, ele ia se formar muito em breve, a música talvez não fosse o estilo que mais nos agradasse mas eram aquelas nuvens, as cores vibrantes, o cheiro de alegria do momento que nos entorpecia em sorrisos e brincadeiras.
No primeiro toque da bateria eu senti o que era, foi como um qual é a música pedindo uma nota só. Amigo Punk, escuta esse meu desabafo. Não fomos lá até muitas horas da manhã, mas aquele momento nós berrávamos com as almas, engraçado, não sei laçar e nunca fui punk, certo tive alguns amigos punks de verdade, mas incrível como aquela música mexe conosco. A garganta ardia, o brado retumbava num hino que tomou conta daquele lugar. Olhos fechados e tudo que se sentia era uma imensa paz. No instante que se abre novamente, ela está ali do lado, olhando com olho meio puxadinha, um sorriso grande, um beijo logo em seguida, a noite não estava no fim, nem era criança, talvez tivessem sim algumas brincadeiras meio infantis, mas era perfeito.
Sabe-se lá o que aconteceu, ou que droga ela colocou no meu caneco. Não é meu, normalmente não é, mas talvez meus vinte e poucos possam se acomodar a mais locais que eu nem sabia que era possível.
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Ele olhava de pertinho, sentia o cheiro do pescoço lisinho na direito, umas pintinhas na esquerda. Não era a direita do padre. Felizmente estava mais fresco por ali, tinha um tunts tunts que batia contra o estômago e o fazia sentir o sangue pelas veias. Ela tinha um movimento, aquela garota dançava certa de si sem nenhum pre conceito com o que estava fazendo, certamente que sabia o que fazia, mas não era esse o ponto, a naturalidade com que se mexia, sem pensar no que estava fazendo, apenas dançando como queria, utilizando seu corpo, sentindo a música nas pernas, no salto alto.
Não sabia mais o que fazer, senão agarra-la.
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Nos despedimos do companheiro castejano com alegria, um quebra-costela para o muchacho e fomos embora solitos nos más. Era fresquinho e pra variar eu estava com calor, abri um pouco do vidro, logo nos colocamos em uma estrada longa em linha reta que não se via o fim senão apenas as árvores nas laterais. Passamos por dois quebra-molas em frente a uma escola e senti um daqueles ventos das mudanças novamente, um gosto de saudade do que virá. Olhei para o lado e ela já cochilava, olhos fechados acomodada para o lado com o casaco, estava visivelmente cansada mas tinha um ar sereno, uma coisa de estar bem. Certo, talvez fosse apenas eu que me sentisse tão bem naquele momento que não sabia mais se era eu ou ela que esteva se sentindo assim.
Por mais que estivesse de olhos fechados, ela não se importava com a música relativamente alta. Me embalava a cantar aquelas músicas mais pra dentro, meio faladas para não importuna-la mais do que o barulho do carro e música juntos, o vento fresco e úmido batia na lateral da face e eu poderia continuar dirigindo por uma eternidade. Olhei, ela estava ali.
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Um curto caminho até a base da casa, próximos, a vi cansada, meio olho, meia fase, gostava daquele ar, barulho dos saltos que a faziam maior que eu. Não precisa muito, é verdade, melhor eu calçar um sapato ou tênis. Um afago no elevador, um carinho antes de entrar.
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Deitou-se junto a ela, os cabelos longos e ondulados repousavam entre ombro e costas, deixando um 'erto' a vista, aquela assinatura de liberdade que ela carregava. O ombro aos poucos foi sendo descoberto enquanto seu pescoço era acariciado por lábios que a desejavam. Os cabelos foram sendo removidos aos poucos para o lado, sentia o cheiro de festa neles mas desejava era aquele, o dela, próximo a orelha e arredores, com toques suaves
Postou-se com seu ombro pouco acima do dela, apoiado num cotovelo trouxe seus lábios de encontro aos dele fazendo-a contorcer um pouco seu pescoço, ver seus olhos claros e beijar sua boca, sentindo a pele quente e o olhar sincero.
Uma janela aberta trazia deixava aqueles corpos com mais vontade de se aquecer, apertados, próximos. Aos poucos o sangue fluía entre os dois, em laços que se confundiam entre braços e pernas, o lençol era o único que estava sofrendo, era amassado e pisoteado por chamas que ardiam em fazer fumaça.
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