-Julyo? Por que tan lejo?
-Ah, sei lá, mais tranquilo, sereno, qualquer coisinha pequena mesmo, só pra poder se movimentar e também pelo gosto de uma motinho né.
-Mejor compremola ahora.
-Ahora?
-Si, despues de la feria ya debemos tener la plata y listo.
-Si?
-Claro! hay que vivir ahora, julyo, jajajjaja que sea ahora y listo.
-Ya... bueno, bien, se tu lo dices, mejor que sea ahora.
--
-Estaba piensando y sabe que? Se voy a comprar la moto, mejor me voy a brasil con ella.
-Que?
-Si, ya que voy a comprarla, me voy a brasil con ella, siempre quise hacer una viaje asi, mejor la hago ahora y listo.
-Ya... pero no tengo como convencerte de que és peligroso y seria mejor entonces de auto, aun que un auto chico?
-No.
-Ya.
Assim aconteceu, em um dia eu desejei uma moto pequena, pra meio ano depois, e depois de uma semana estávamos procurando por uma motaça de umas mil cilindradas. Acabei encontrando uma de 250 que caiu como uma luva, mais barata, leve, e gostei dela, simplesmente gostei. Pronto, tentei negócio e por uma série de probleminhas não consegui compra-la a tempo de fazer revisão, acabei buscando uma outra moto desse mesmo modelo, a querida pequena guerreira Yamaha Star 250 ano 2010. Em um dia deixamos o dinheiro, no dia seguinte pela manhã concluímos os tramites legais, já durante a tarde estava a caminho das cordilheiras.
--
A parte mais insana, irresponsável, completamente desaconselhável e estúpida, foi o planejamento. Praticamente inexistente e nulo. Parei uns dias antes pra olhar no google maps uma possível rota. Olhei e vi o que me parecia geograficamente a menor distância possível, utilizando mais retas e alguns caminhos de estradas menores. Cheguei a decorar alguns trechos, pois levaria apenas o celular e apesar de pensar em comprar mapas, na realidade não queria parar e 'perder tempo' de fazer qualquer coisa.
--
Nesse trajeto de ida as coisas foram bastante rápidas e loucas. Começando pela já explicada compra da moto, que foi literalmente de um dia para o outro. A revisão técnica foi de boca, apenas perguntei ao antigo dono se ela estaria boa o suficiente para uma viagem até o brasil, ele respondeu que sim e felizmente não havia mentido. Por volta das onze da manhã de quarta feira dia 21 de dezembro de 2012 os tramites legais da venda foram finalizados, faltava a notificação legal para saída da moto para o estrangeiro, já que ficou em nome de meu primo pois ainda não tenho residência no chile. Tentamos fazer seguro num banco, que não foi possível por falta justamente de RUT, no caso, ser residente chileno.
Dane-se, por volta das três da tarde estava de mala pronta, sem a cuia por falta de espaço, direto nas paletas uma mochila de provavelmente dez quilos ou mais entre roupas, um segundo prometido capacete e umas poucas bugigangas mais.
Chovia e meu maior medo era olhar as cordilheiras no mapa e se dar conta da distância e altura e frio e tudo.
Meu caminho foi pegar Los Andes, uma parada ainda em Rio Blanco uns 60km da fronteira e seguir para as então geladas molhadas e escorregadias cordilheiras. Alegria foi de descobrir que a jaqueta de alpinista do Juan funcionava muito bem, a única parte do corpo que não sentia frio era o peito, um alívio, considerando o perigo da coisa.
Friosito jóia |
Um ônibus de turismo brasileiro havia cruzado para o lado chileno, algum paulista ajudou com a foto |
Essa parta de subida foi bastante incrível, por enfrentar o frio e passar por vários caminhões gigantes subindo as curvas fechadas da estrada ladeira a cima. Os caminhões andavam a 10 km/h eu a 30 km/h ou mais o que era ultra rápida para a situação.
A primeira vitória foi chegar ao topo do lado chileno e ver o túnel que faz a divisa chegando, depois a placa de bem vindo a argentina no meio do túnel e aí então o primeiro posto de polícia da argentina. A conversa foi relativamente rápida, o cara me xingou por ser tão imprudente de fazer a viagem com chuva e ainda por cima sozinho e perguntou se tinha seguro, menti que sim e me deixou passar apenas com um papel de carne anotado o número da placa.
Poucos quilômetros mais adiante a aduana argentina. Pensei que minha viagem cairia por terra por não ter seguro e me obrigariam a voltar, mas não foi isso, eles não pediram o tal seguro e incrivelmente encheram o papel de carne de carimbos que foi entregue no último posto policial descendo as cordilheiras do lado argentino. Desde que estava descendo, meu desejo era descer cada vez mais, pois sentia menos frio, o tempo ia melhorando e aparecia um belo sol.
Não era tão tarde, acontece que as cordilheiras realmente são um muro de clima e o que acontece nas cordilheiras pode ser bem diferente do que acontece poucos quilômetros dali.
Praticamente todas as paradas que digo que fiz foi para abastecer, a moto tem um tanque pequeníssimo, de apenas dez litros de gasolina e não tem marcador, o que significa que deveria ter no mínimo ideia de quanto fazia por média pra poder seguir tranquilo. Era uma média baixa, 20 km/l. Autonomia limitada a 200 km.
Parei em Uspallata no primeiro posto de gasolina que encontrei, estava preocupado porque durante a subida das cordilheiras a moto já dava barulhos de corrente batendo no protetor, o que significava que deveria estica-la o mais rápido possível ou corria o risco de cair a corrente ou em pior caso cair um tombo por qualquer trancasso que pudesse acontecer. Como um motoqueiro muy experiente, eu não sabia estirar a corrente. Imaginava como fazer mas não sabia como, depois de por gasolina e pagar com cartão internacional, pois também não tinha muito dinheiro argentino, encontrei com dois motoqueiros argentinos muito gente fina que me ajudaram a estirar a corrente, ou melhor, eles fizeram o trabalho e eu aprendi como fazer. Também consegui trocar grana com eles e pude só me preocupar em depois trocar o óleo e comprar lubrificante para corrente. Esse tipo de coisa básica que se faz antes de qualquer viagem.
Saí de Uspallata por volta das oito ou nove em direção a Mendoza, meu objetivo do dia. Pensei que fosse rápido mas não, demorou mais uma hora e tanto que cheguei até a secar antes de chegar na cidade.
Começava a anoitecer a logo era um breu absurdo durante todo o caminho de descida do lado argentino. Segui vários caminhões e trepidei sempre que qualquer carreta passava pelo lado, sem nunca saber quanto estava exatamente de algum paredão.
Nem tive a oportunidade de ver Mendoza, cheguei no escuro e passando pelo centro logo me meti num posto pra abastecer e pedir informação de hotel. Cheguei num hotel até bastante confortável, o que foi ótimo depois daquele frio nas cordilheiras, tudo o que desejava era um bom banho quente e uma cama. Tive meu desejo saciado e dormi como uma pedra, perdendo o horário de saída do dia seguinte...
Nenhum comentário:
Postar um comentário