sexta-feira, fevereiro 1

Clássica

- E pra você?
- Ahmmm... Uma cerveja e o que tu poderia sugerir pra comer?
- Primeiro, qual cerveja? Bohemia? - Um rápido aseno de cabeça confirma o pedido.
- Pra comer tipo comida ou pra dar uma beliscada? For comida temos o prato do dia...
- Não não, pra beliscar mesmo.
- Nesse caso acho que um picadinho, não é caro e vem a calhar, que tal?
- Pode ser, mas vou querer desconto se não for tudo isso!
- Hahah, pode deixar. Tenho certeza que vai gostar.

Ele saiu e fez seu trabalho. O fim de tarde veio morno no porto e os pedidos de cerveja aumentaram conforme a noite surgiu. a musica ficou mais alta e a decoração do bar pareceu mudar com a iluminação. Luzes fracas por dentro e pequenos focos na parte de fora do bar, por baixo dos guarda-sois que agora guardavam a lua.

Aquela mesa era de uma só garota, ficou lendo um livro por ali, pediu umas três cervejas que tomou lentamente e sozinha. bonito de ver, uma morena assim. Era meio gordinha na realidade, mas tinha um corpo bem formado, ancas largas e coxas volumosas davam contraste com uma cintura que não parecia ser dela. Esguia na altura do umbigo, mesmo tendo uma barriguinha pra frente, a cintura por fim era pequena, deixando um corpo de violaocelo bem desenhado.

- Adoro musica clássica.
- Que? - Uma expressão de completo desentendimento foi o principio de um momento bem estranho.
- Ah?
- O que disse?
- Nada.
- Ah, ta...

Não entendeu a tal da musica clássica, mas de toda forma ele ficou sem jeito e teve que sumir. Só voltou quando pediu conta.

- Aqui esta.
- Certo...

Revirou sua bolsa por uns instantes e tirou umas notas. Contou uns trocados e deixou quase o valor da conta. Ele já ia calculando conforme ela desenbolsava o dinheiro e notou que ficou dois pilas a mais.

- Te sobram dois pila.
- Ah sim, foi de proposito. eu também gosto de musica clássica.
- Que?
- Tudo certo que gosto, só falar isso do nada é bem estranho, tu devia te tratar.

Ele ficou naquele sorriso amarelo parado com a mão em direção a tabuinha de conta com a nota. Ela se ajeitou e levantou enquanto ele se recompunha e recontava o dinheiro.

- No fim eu adorei o picadinho, obrigado.
- Ah, de nada. E como se chama?
- Muriel, e tu?
- Cezar, prazer. - se inclinaram e trocaram beijos de bochecha.
- Um prazer, Cezar, nos vemos. - Ela juntou sua bolsa e o livro levou no colo, estilo colegial.
- Tchau, até mais.

Fez o seu trabalho, organizou a mesa, limpou tudo e deixou o cinzeiro. Acendeu aquele cigarro merecido depois de umas horas de trabalho e pensou pra fora.

- Muriel, puta que nome feio.

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