sexta-feira, março 7

chuva

tah... as do rei ficarao para depois.

denovo, por algum completo acaso, eis que chove hoje, perguntei para umas pessoas locais se isso é normal, ou ao menos perto de normal e nao. Nao é nem perto de normal.
Segundo ano louco, e novamente chuva aqui, e coisa toda fica linda, combina com as cervejas de litro e um livro maluco. Umas saidas insanas e mais algumas historias pra contar.

--

por acaso, aquele dia ele resolvei que ia ver uma amiga.
"vou! vou sim!" repetiu pra ele mesmo na noite anterior. Faziam tres dias ou mais que dormia no chao e precisava de uma cama. Um resumo do dia anterior:
Foi ate um shopping comum e sem muitos atrativos, ligou dali. Sinais de ausente do outro lado da linha. Mesmo com a mochila fazendo um belo peso naquele dia de sol rancaguino, encaminhou-se a pé até uma cabine telefonica. Algumas pessoas indicaram novos locais, inclusive uma morena, linda, mae, com algum problema ocular (seus oculos a deixavam com um ar de culta); estava encantado com seu estilo, com a maneira que o tratou, com as dicas boas e perguntas simples; Nao fosse a pressa, teria convidado para um café sem muito pretexto, apenas para disfrutar de sua encantadora compania; Essa havia conseguido ajuda-lo e por fim falou com a garota.
Pediu um tempo para pedir permissao (incredulo, já que ela ja estava no 4 medio), depois, ali no shopping de antes (tinha ar condicionado, logo, voltou) ligava novamente com moedas de 100, foram 3, uma a uma... ja subia o nervosismo.

Na descida da ultima escada rolante numa mesa proxima.

Por ali ficou, com um livro maluco e um nervosismo por ver o que havia acontecido, para ver como seria a chegada.
Chegou.
A conversa foi desenrolando, mas nao, nao mais.
Acabou com um tchau em outro lugar da cidade, proximo a um mercado onde comprara um relogio, o primeiro relogio comprado com seu dinheiro em toda a sua vida, e era dos Simpsons.
Dormiu numa praça ali perto quando o sol ja batia no seu olho por baixo das arvores e em umas horas depois acordava desesperado procurando por seu livro doido (seu confre altamente seguro e a prova de ladroes burros). Estava do lado. A mochila. O suco de laranja de litro.
Leu mais, e se divertiu sozinho numa praça daquele pais a beira do pacifico.
Em direçao a uma casa conhecida comprou as provisoes para o dia, e conforme caminhava pela cidade agora escura, se deu por conta que era melhor buscar a cama que dar uma de mochileiro vagabundo e correr o risco do assulto, do estupro, ou de conhecer novos amigos loucos.
Depois de um longo banho se deitou na cama de molas velhas, a melhor cama do mundo. As costas, os braços, a cabeça, o ombro esquerdo e alguma parte do peito ainda doia.
Deveria dormir até as 8 e meia da manha. Acordou as 15:46.

Almoço com a familia emprestada, um franco delicioso e um tanto de arroz. Fez desfeita (mas ja conhecida desfeita) e nao aceitou os legumes e verduras. Juntou a mochila e os dois novos tenis, ambos esquecidos no pais estrangeiro. Algum peso nas costas, igualmente caminhou ate um local para chamar a amiga.
Combinado seria na frente da escola dela.
Feito, lá, ja esperava ver mais gente, a garota do dia anterior, e uns velhos amigos do ano anterior. Que seja. Agora, maos a obra, onde diabos ficava aquela escola¿?¿? Nao fazia ideia, pois bem, pos-se em direçao ao local mais proximo que sua mente lhe dizia que deveria chegar e encontrou duas moças gentis, umas gordinha morena e uma loira magra de oculos de sol encantadora. Ambas prestativas e ativas em relaçao a descobrir que onibus tomar ou que coletivo indicar para seguir para o lugar, quase o levaram para outro canto da cidade, ja que descobriram que o onibus passava de hora em hora (a hora da saida do colegio ja se aproximava, e sentia que ia deixar alguem esperando), mas assim que se encaminharam para a sombra de uma parada proxima, saiu do nada o onibus esperado, perfeito. Uma despedida rapida, infelizmente nao conseguiu telefones nem nada para contato postumo.
De pe no onibus quente a apertado pediu para que o parassem no colegio coya. Perguntou a um passageiro o quanto ficava e parece que faltava muito. Mais depois, perguntou a um outro e deu-se a merda. O anterior havia entendido apenas coya, A CIDADE coya, portanto estava a kilometros de distancia do colegio que ja havia passado a muito tempo. Parou ali mesmo com desespero, no meio da estrada com sol na cara e mochila nas costas.
falou sozinho: "as coisas complicaram hein guri... num estante com umas queridas garotas desconhecidas e logo depois sozinho na estrada deserta... bom, nao virao onibus... o que pretende fazer? Pedir carona."
e assim foi, esticou o braço e começou a caminhar pra tras, olhando os carros que passavam... caminhou um pouco, nao foram mais de tres gotas de suor ate que um caminhao parou mais a frente. Uma corridinha ate a porta e pronto, e caminho do colegio! Eram alguns poucos kilometros para o caminhao, mas para suas pernas fazia toda diferença, o senhor voltava do trabalho de transporte de minerios e algo lhe fez dar uma carona a um estrangeiro que falava mal sua lingua. Logo parou em frente a umas arvores, e para ter certeza que deixava o caroneiro no local correto avançou lentamente ate poder ver a frente da escola.
"ai está rapaz. boa viajem!"
"valeu moço!"
Perguntou a hora para uma senhora de uma caminhonete proxima. Se viu adiantado! absurdamente adiantado, sinal que alguem nao havia lhe dito corretamente as horas numa outra vez que perguntava por elas. Sentou-se na grama e leu ate proxima a hora da saida. Alguns alunos mais jovens saiam para os carros de seus pais ricos; alguns entrvam nas vans amareladas com "colegio" escrito em cima e se mandavam para suas casas. Nao demorou muito e viu a garota do dia anterior saindo. Foi lah dar um oi. E foi bem isso, um oi, alguns olhares estranhos e soh isso. Logo chegava a amiga maluca correndo de braços abertos (lembrou de uma cena que vira no aeroporto no ano passado) uns abraços, uns beijos e uns queijos e ja estavamos indo devolta a cidade maluca no camburao dela. Sem pagar, claro.
Um sorvete com a amiga e umas conversas esperadas... Bom foi assim aquele dia, com a conclusao clara de que tinha de voltar a santiago. Pegou o primeiro onibus que tinha e ainda conseguiu desconto e se mandou pra capital.
No trem da maior cidade do pais achou uma linda morena conversando com uma amiga nao tao morena assim. Parou ao lado e trocaram papo, mas apenas papo mesmo, gostava de conversar com gente nova e ver no que da, nao com pretextos futuros apenas para conversar mesmo, inclusive nem pegou numeros de telefone nem nada, mesmo sendo possivel. Acabou dizendo que seus olhos eram lindos e saiu sem dizer mais palavra, ela ficara boquiaberta olhando-o partir com a mochila nas costas pela porta aberta do trem; seguiu-se de um tchau sorridente pelos vidros do trem, algo apenas para levantar o humor e sair sorrindo no meio de uma multidao de desconhecidos. Acabou andando pela cidade sem muito destino, ate que ligou para o primo para verificar se nao haviam "ocupantes" no apartamento.
Perfeito, em pouco tempo, teve mais um dia dormindo numa cama macia.

Os dias passam e as paginas do livro correm. As coisas vem vindo e como uma esponja absorve cada vez mais coisas, como se a esponja tomasse conhecimento no seu interior e o liquido conhecimento fosse tragado mais ferozmente que as doses de cerveja e vinhos. Raramente, uma pequena dose de juizo, lhe desse pela garganta.

2 comentários:

G. Marelli disse...

Sim, isso é que eu quero ler: coisas loucas e mais loucas do chile e reencontros, que depois tu vai pormenorizar, com certeza!

Mas que livro é esse, ein?

Schiavoni disse...

pé na estrada.
um livro que comprei mais o antigo dono ainda nao sabe :P