sexta-feira, outubro 26

Segundas feiras

Nos primeiros dias a coisa foi russa, no segundo dia já era viajem, já estava atrás de um balcão servindo chopes e tentando falar a respeito de um líquido que por mais que adorasse não entendia muito. Essas feiras são praticamente todas iguais, muda algumas coisas internas, mas o ponto chave é sempre igual. Chamar pessoas e vender chope, esse é o trabalho básico.

Neste caso, não tinha experiência com o pré-trabalho, que consistia em garantir que tivéssemos todo o equipamento necessário, verificar a logística, os detalhes necessários para que o trabalho básico pudesse ser executado sem problemas durante toda a feira.

A correria começou uns quatro dias antes da feira. São copos de degustação, copos descartáveis, copos de vidro, máquinas, colunas, mangueira, pinchadores, conectores, manômetros, CO2, balcões, pregos, parafusos, ferramentas, cartazes, etc. Era buscar e levar, apenas ouvia algumas rápidas negociações por telefone e de repente surgiam mais coisas pra se fazer.
Dentro desses dias iniciais repetimos a lista de coisas que nos faltava e no final era isso, a lista seguia a mesma, mesmo depois de fazer ligações e ver outras coisas, algumas das mais básicas sempre faltavam. Murphy.

Era o dia da primeira feira, La Florida, ficamos de nos separar para que eu pudesse montar os estandes e ele correr para buscar coisas que nos faltavam. Resultou que até praticamente abrir a feira chegava ele com o que faltava, e havia dado problema com os cartazes. A falta de luz na feira foi um bom problema pra poder montar os três móveis. Bastante sol, o suor pingando, parecia realmente um trabalhador. Terminou o dia e eu estava tenso, havia mais uma feira para amanhã, e essa seria só eu.

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Descobri um pouco antes da uma da manhã que a feira do dia seguinte começava as dez. Já tinha certo que chegaria umas duas da tarde, atrasado, perdendo dinheiro, público. Deu o acaso de eu me perder no caminho para lá, afinal não tinha absolutamente nenhuma informação de onde era exatamente e estava perdido dentro da maior cidade do país. O GPS ajudou, mas não mudava o fato de estar completamente errado em meus caminhos.
Se entender alguém ao vivo as vezes era um problema, entender alguém por telefone poderia ser muito pior. No final entendi tudo, e o entendimento estava certo, no sentido literal, mas nada correto no que diz respeito a localização real. Depois de duas horas andando de carro, cheguei ao destino, numa espécie de vilarejo meio rural longe de Santiago.
Terminei de armar as coisas as quatro da tarde.

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As feiras deram lucro, foi uma correria maluca, eu quase mijei nas calças umas oito vezes. Sozinho bebendo devagar, mas vinha gente e gente e gente e eu ali, servindo líquido amarelo com espuminha no final. Era tenso. Deu tudo certo, conseguimos pagar uma máquina com o lucro da feira, fiquei contente com o trabalho.

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