Funciona assim, ele baixa a cabeça, os pés batem contra o chão e o som entra direto pelo peito, sem nem passar pelos ouvidos. É gutural, vem assim meio grosseiro, meio rouco, o sangue vibra nas veias e os olhos cerrados dão voltas em suas órbitas.
Vai deixando assim, a química explode no interior e produz toda adrenalina, no momento que estoura um agudo daquela guitarra ele para e por instantes vê cores produzindo brilhantes flores que desabrocham umas sobre as outras, num infinito sonoro, ao passo que são borradas pelo bumbo e o chipô faz aqueles traços leves e finos em pétalas coloridas. O silêncio traz o preto, que aos poucos num tamborin vem erguento clarões, flashes de pessoas que dançam e se movem sem sentido, são sombras, estão camufladas no som até que o prato brilha, mostra o jardim.
O vocal rouco faz as letras sairem desse teclado, que junto com a guitarra e o bater da bateria faz a cabeça explodir em cores, uma gravação meio forte, rasgando garganta e estridente guitarra, tem uns berros no fundo, eles dão tons de marron a paisagem, o vendo dança com as árvores e elas sorriem, por alguma razão existem cobras pelo chão que parecem ondas sonoras vistas num osciloscopio, elas correm mostrando o som, são tantas entre aquelas pedras pintadas de tudo, a bateria acelera, junto com coração, já suando, a mente planando por cima do vale cheio de sentimento, a guitarra se estende, e cai, como de paraquedas, sim ele pulou, é o vento, está descendo, ele solta, ele corta o paraquedas ele vê o chão correndo rápido reto freio, até o impácto, quando ele se solta do corpo e explode vermelho no chão.
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ainda encontro ela, maldito shuffle
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