segunda-feira, agosto 24

sobre a burrice, parte 1

Descobri ontem, que a burrice começa na inteligência.
Não me refiro a idéia de diferença e comparação, mas na própria burrice mesmo, quanto mais inteligente mais burro. Não, não me refiro a especialidade de cada um, da idéia de dominar mais um determinado seguimento e ser burro em todo o resto, não, não é essa a idéia. Idéia, aliás, agora sem troço ali. Ideia.

A burrice começou sedo.
Quando se começou a caçar e usar a pele dos animais para se aquecer e usar pedras ao invés dos dentes, ali começou a burrice.
Com o passar do tempo, o ser humano foi se tornando cada vez mais perspicaz, dominante, sempre usufruindo de sua cabeça para obter o que suas unhas e dentes não lhe permitiam.
Os animais seguiram os mesmos, um pouco menos tapados e já compreendiam o perigo que era um humano, uma minhoca de carne que conseguia se mover sem se arrastar.
Tudo isso, se deve a incrível capacidade de raciocínio humano combinado com seu polegar que permite o movimento de uma pinça com os dedos. Isso fez com que se pudesse manusear praticamente todos os objetos de uma maneira minuciosa, logo, usando bem os objetos se poderia criar mais objetos úteis e assim por diante.

Eis a burrice.
A evolução deu cada vez mais ideias ao homem, este foi evoluindo, caminhando mais ereto enfim, emburrecendo.

Chamo de burrice, porque a arma humana, o polegar e o cérebro altamente desenvolvido, permitiu o homem dominar sem nenhuma restrição, permitiu que se usasse tudo a sua volta ao seu favor. Tudo.
Um animal completamente dominante, sem freios, sem nada que possa dete-lo.
É como ter apenas um representante político e não ter direito a voto. Ele pode mandar e desmandar, fazer o que bem entender com a população inteira, definir suas leis e mandar em tudo e todos com quiser, afinal, ele pode. Por que não?

Claro, faz sentido, não? Ficar tão forte que seu poder o cega e sua arrogância o torna mais capaz que todos os outros, isto faz de você o dominador. Burro e cego às necessidades de todos os outros, inclusive a falta de noção de sustentabilidade do seu reino eventualmente acabará implodindo-o.
O negócio é simples, a inteligência humana é o seu próprio conceito de burrice.
Enquanto animais não fazem determinadas coisas por instinto, o ser humano insiste em compreender aquele fato e buscar uma explicação. A informação lhe da mais poder, pois compreendendo o que significa cada coisa, é capaz de usá-las a seu favor, ou seja, ignorar o contexto e o sistema em que o fato se da.
Um ótimo exemplo, o primeiro fogo feito a mão, com toda a certeza foi utilizado para queimar animais e plantas, foi o início da dominação. Nada era capaz de criar o fogo de maneira intencional e utiliza-lo para o que bem entendesse, logo, toda informação se transforma numa arma humana contra todo o resto.
Mas onde está a burrice? Afinal, era uma maneira de se sobreviver, a burrice está na ignorância. No momento em que se garante a dominação e se toma conta do que bem entender, todo o resto começa a desabar lentamente.

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Aquecimento global é burrice é resultado de burrice em massa.
Aquecimento global nada mais é do que o mundo em poder dos humanos por muito tempo. Uma maneira de frear esse problema era simples. Matar humanos. Isso acontecia com frequência a muito tempo atrás, onde doenças reinavam, acabavam com bandos inteiros, a medicina não era avançada o suficiente fazendo com que um corte fosse suficiente para matar alguém. Animais que tinham a chance de matar um humano desarmado não perdiam a chance.
As evoluções fizeram a proteção humana, fizeram os humanos dominar completamente e acabar com suas únicas fraquezas, as doenças, os inimigos invisíveis, as catástrofes naturais. Agora nos protegemos de furacões, terremotos e qualquer boa espingarda da conta de qualquer animal.

Resultado, dominação completa, sem excessão. Nenhum restringimento a não ser seu próprio raciocínio, sua razão, suas leis, seu egoísmo.
A burrice disfarçada de evolução.

domingo, agosto 23

cateto

Estávamos conversando no meio de um cruzamento.
Um corredor simples de faculdade. Largo num sentido como se fosse avenida e entradas perpendiculares de largura menor como simples ruelas que levam até as salas.
Era uma rodinha de quatro pontos/malucos.
Cada um num curso, mas com origens e temas em comum. Os temas faziam a roda girar, momentos clássicos que provavelmente nunca serão esquecidos. "O pessoal da facul", sabe como é... tem a gina, a bia, o juju, o zecão, o jotajota, o gui, a pri, enfim, todos aqueles apelidos clássicos de facul que na maioria das vezes não identifica suficientemente uma pessoa, identifica dentro de um grupo, mas apelido igual tem em cada turma.
Eis que surge um amigo de apenas um de nós, saúda o cara da roda e segue em frente, apenas tangenciando nosso círculo de conversa. Em instantes me vi como um cateto oposto observando a tangente.
Nem faço matemática...