segunda-feira, dezembro 28

coisas 2009

De novo eu me espreguiçava sozinho em cima de umas rochas a beira mar. Lembro-me como se fosse ontem quando foi a última vez que o fiz, em outro oceano, a algumas leguas daqui. Curioso que também lembro da penúltima, e de outra antes dessa. É como se esses pequenos momentos que passei sozinho ficassem cravados na memórias. As paisagens se foram, são todas iguais e sem graça, inspiradoras, mas sem efeito no mundo não direto.

Os detalhes de como cheguei até ali são bastante simples, pedra sobre pedra, passo atrás de passo, acabei pulando umas que outras e finalmente cheguei ali, tranquilo, sóbrio, sozinho.

Em todos esses momentos desejei uma cerveja, pombas, nunca lembrei de levar uma, com sorte na próxima.

Parando agora para pensar, me lembrei de um momento semelhante ao das pedras em tramanda beach, onde os gigantes se levantavam ao fundo e a cerveja corria garganta a dentro.
Aquele tempo foi perfeito, o único arrependimento que carrego desse tempo, foi o atraso que nos levou a algumas horas em pé no ônibus. Fora isso, não tenho nada, tudo foi a vida que eu sempre quis ter tido e felizmente, tive.

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Os tempos já são outros e estou em outro mar, em outra areia. Estou com as melhores cervejas, numa das melhores camas, e mais de uma vez, penso em como seria bom estar no chão duro e cru de qualquer camping ou montanha. A cada novo passo penso em não errar, em fazer a escolha certa, o almoço, o lanche, o ponto na praia, tudo me parece quase um teste, cada vez que devo escolher, ou simplesmente ocupar um determinado lugar, tento parar e me esforçar para não errar. Isto, errar, é como se qualquer coisa que eu esqueça ou faça mal ou não faça desconte pontos de uma prova. Uma prova simples, de sociedade.

Eu tenho aquele maldito problema social. Antisocial.
Vejo aquelas famílias, aqueles casais sentados na praia e penso que todos estão de bem com a vida, ou estão ao menos, pensando em nada, apenas vivos e ali sentandos. Curioso que imagino os cachorros que os acompanham olhando para eles e pensando mais que os donos. É uma merda só, não descanso, apenas os vejo e imagino tudo o que posso sobre o passado e presente de cada indivíduo que passa pela minha frente.

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Aquela gordinha certamente foi gostosa um dia. O velho é medianamente rico, possui um corolla e parece se cuidar um pouco, quer dizer, sua barriga não permite aquilibrar uma latinha.
O velho já esquece de trepar com a gorda, afinal é gorda, pelanca anca e banha para qualquer lado. Uma amante, talvez a empregada. Não a gorda não deixaria ter uma boa empregada.

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Aquelas duas ali, solteiras e provavemente nos seus trinta e poucos. Comeria-as, com toda certeza, sempre gostei de experiencia, ainda mais com óleo e um belo bronseado. Duas vacas. São mulheres já vividas de mais, é necessário um homem muito bem sucessedido e que as deixasse tremendamente excitadas para elas tomassem jeito. Que vem a ser tomar jeito? Deixar de se mostrar, quem sabe destatuar aquele dragão das costas, coisas assim. Uma delas parece ser mais nova, provavelmente vinte e oito. Colega de trabalho, de faculdade, no máximo. Não possuem lá muito dinheiro, mas são bem sucessedidas. A mais nova parece que ainda vive na casa da mãe. Não existe nada que a mesma faça sem que a outra mais velha de alguma opinião ou tenha feito antes.
Frangas na chapa. Trinta minutos, virar. Trinta minutos repassar banhar no corpo. Isso sempre a mais velha "puxa", a mais nova vai atrás e pega as manhas de como se uma velha interessante.

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Acabei num maldito hotel de ricos. Não ricos ricos, mas gente que paga quase trezentos reais a diária. Claro, estou pagando também, estou pagando muito caro para pensar, para tomar minha cerveja tranquilo e confortavel. Todo dia acordo arrependido, triste com meu bolso, infeliz de não ser um bom maluco sociavel, sabe aqueles sociais? Políticos, vendedores, gerentes. Aquele pessoal com o dom da palavra, a qual infelizmente não pertenso. Por que não pertenso? Ó senhor, por que? Eu penso de mais. Paro penso, raciocino e digo, besteiras ou não, sou direto e nada sedutor, sou preciso no que desejo o que me faz um belo inútil na manipulação de pessoas. Talvez por isso estou aqui, tentando me socializar com um pessoal de cacife maior, maior mesmo. Cacife de pagar quase quatro por uma lata de skol e sequer comentar que é caro, apenas compra, bebe. Calado e sem dor.

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A bohemia está acabando de novo e penso seriamente e terminar com todas elas aqui mesmo, escrevendo até vomitar por cima de tudo ou cair para o lado de sono ou o que for. Não vou fazer isso por respeito e amor a minha querida parceira, mas confesso, certos momentos me fazem querer sumir, pegar as amigas bohemias levalas para um longe lugar, sentar e beber, beber por que faz bem, por que me deixa tranquilo e sem stress, me livra da bosta toda que é esse mundo.
É, é isso aí, mais uma vez, aquela vontade de explodir tudo, de esquecer de tudo, largar de mão, deixar a natureza mandar em tudo, deixar as coisas... deixar... deixar levar... deixar acabar, construir, criar, deixar que queime.

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Vou convidá-la para tomar um banho na piscina.
Não foi muito com a idéia.
Queria fazer um mínimo para agradar, para estar comigo, mas não a piscina. Lá é muito.
Pena. Não faz diferença, mas é curioso...
Incrível como é bom ter alguém assim por perto quando um pensamento mortífero base a porta da cachola. Como é bom ter alguém assim por perto, mesmo que fora da piscina.