terça-feira, outubro 27

canhoto

Certa vez eu acreditei na política.
É sério, devia ter uns treze ou quinze anos de idade. Meus pais já tinham um pouco de política em casa, livros, jornais, conversavam a respeito disso as vezes, enfim. Vivi desde de pequeno vendo um pouco disso, de longe.

Lembro das conversas banhadas com cerveja entre meus tios e meu pai. Alguma história velha sobre alguma construção mal orçada, roubos, fraudes públicas, etc... era tão normal falar a respeito disso que acabei gostando da idéia.

Fiz dezesseis e fui pegar minha carteira de habilitação para voto, o título. Confeço que foi a coisa mais besta que já fiz na vida, fora os erros de português que seguidamente posto aqui e uma ligação...
Manhã de sábado, levei os documentos necessários e voltei com o dito cujo. Ia mudar tudo agora, afinal, faria a diferença.

Fazem mais de quatro anos que tenho e uso esse tal título e nunca vi diferença alguma, só uma perda de tempo nos dias de eleição.
Hoje eu desconfio de todos que dizem que me representam, tenho sempre um pé atrás quando vejo alguém com algum cabelo branco e vestido com terno.
Me da repulsa em pensar que tem gente que ainda acredita nessa incrível baboseira populista.

Paro, e penso que número maior de votos apenas define uma quantidade maior de pessoas que foram persuadidas a votar em determinado condidato, simples assim.
Tanto dinheiro com propaganda, muitos experts de marketing, muito dinheiro para papelzinho no chão, santinhos e até cestas básicas. Pra que? persuação, poder de marketing, a mesma idéia utilizada na venda é utilizada nas eleições, isso significa que quem vota, não vota por que pensa, vota por que foi persuadido, até me arrisco a dizer, iludido.

Não tem diferença de candidato, muito menos de rótulo (partido), tudo não passa de balela.

Muita gente pensa que cara que sabe votar vai atrás do histórico dos candidatos, pesquisa a respeito do cara, do partido, etc. Contudo, quem vai fazer isso com todos dizendo ao mesmo tempo (nas épocas de eleição) todas as maravilhas que fizeram? Sempre cobrindo as pessoas?

Primeira correção política. Fim a toda e qualquer propaganda, principalmente em época de eleição. Quem quer saber quem é o cara, que pesquise por conta e descubra. Google, que seje.

Depois de todo o marketing, cheguei a me perguntar se eu realmente sabia votar, afinal, ajudei a fazer do Tarcízio Zimmerman prefeito de Novo Hamburgo (um grande parenteses: contudo... o desgraçado resolveu acabar com o plano de carreira dos professores municipais, o principal incentivo e garantia da classe, ele quer acabar. Não quero entrar nessa discussão, mas o detalhe é simples, ao invés de pensar numa solução, ele corta tudo e pronto para quem entrar, é mais rápido e prático).
Não sei até hoje se sou capaz de identificar um bom candidato, significa que nem eu sei quem eu quero que me represente, talvez alguns amigos meus, os caras que sabem o que eu provavelmente faria, mas assim, um cara com quem nunca tomei cerveja provavelmente não sabe o que eu quero.
Daí, pensando na atual proposta de eleger sempre um desconhecido, pensei que talvez fosse interessante uma prova de aptidão ao voto. Ou seja, tu precisaria ter um mínino de interesse em política e uma boa noção sobre todo o país para poder votar, um provão realizado regularmente para garantir que as pessoas que possuem título de eleitor realmente saibam escolher.

-Mas e a maioria? como fica?
Pôs olha, a maioria que se foda, a maioria também poderá votar se for capaz de provar que sabe.

-Mas eles não vão ter instrução pra isso, não terão chance contra pessoas que tiveram oportunidades melhores.
Exatamente é essa a idéia, não contaminar os eleitores com gente burra. Com todo o respeito, mas, fazer o que. Eles devem apenas confiar que as pessoas que pensam de verdade saibam escolher por elas.

-Mas isso é contra os direitos da maior parte da população!
Negativo, é contra os direitos da população eleger ladrões e safados canastrões que furtam boa parte da grana, pagam viajens "muito importantes" para familiares. Isso é contra os direitos. Voto não é direito, voto é coisa séria pra sair distribuindo de qualquer maneira. Os direitos da população estão errados, estão esquerdos.