domingo, novembro 15

rio, lixo e refri

Parei de frente para o rio. Era uma ponte de duas mãos para pedestres e mão única para carros.
Havia visto essa mesma ponte na sexta, enquanto caminhava com as bagagens depois de descer do ônibus. Lembro que estava feliz por estar ali, sozinho.
Caminhei até o outro lado e desci pela calçada de madeira logo na margem do rio. Via-se sem nenhuma dificuldade galhos podres, e muito lixo acumulado pelos cantinhos e todo e qualquer lugar que pudesse parar porcaria. Desci as escadas e no ultimo degrau escutei um barulho rápido e rasteiro no canteiro ao lado de meus pés, um lagarto me olha meio assustado, provavelmente pensou: "que diabos esse maluco esta fazendo por aqui em pleno domingo no meio dia?".
Ah, eu estava só caminhando mesmo, olhando um pouco pra fora, nada de mais.

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Parei, olhei aquele lixo todo... lembrei daquele documentário sobre a ilha do lixo, no meio do mar e tal... incrível... parei e pensei naquela velha história do lixo, sabe aquela coisa de por o lixo no lixo e tal? Começo a pensar que isso não adianta merda alguma.

Pensa só. No começo não se juntava o lixo de todo mundo e o lixo ficava na rua, nos arredores das casas, das ruas. Daí claro, pra não deixar feio, resolveram juntar tudo e botar longe dos nossos olhos, mas na real na real, não se faz nada, só se troca de lugar.
Pensei que seria interessante se as coletas de lixo parassem de funcionar e cada um tivesse que dar um destino ao seu próprio lixo. Seria no mínimo, fédido.
Aqui na casa dos Fattori muito, ou quase tudo do que resta de orgânico, vai para a roça. Volta para o solo e no fim acaba ajudando próximas colheitas. Claro, esse tipo de lixo é o único lixo que tem como se reaproveitar facilmente, mas não interessa. Pense que cada terreno ganhe um pequeno pedaço de terra para despejar seu próprio lixo, tipo um puxadinho de terra ao lado de cada casa, nos fundos, sei lá, nos apartamentos, um quartinho do lixo. Imagina só que tri, conviver com nosso lixo, dia a dia, aquele fedor horrível e cada vez mais lixo... com o tempo se chega a brilhante conclusão que é melhor comprar um terrenão só pra por lixo... agora pense que todo mundo ia ter que ter um terreno pra isso...

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Passei pela segunda tempestade de verdade aqui em Três Coroas. O rio sobe de verdade, vem agua e barro na casa de todos os ribeirinhos e muita gente perde a casa em deslizamentos de terra. Incrível, segundo a Sra. Fattori isso não acontecia seguido assim a muitos anos...

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Uns caras passaram e me pediram um crivo. Infelizmente não tinha, até, se tivesse estaria fumando uns tantos de uma vez. Do mesmo, olhei para o lado e vi várias bitucas de cigarro a minha volta e duas ou três carteiras de cigarro já com musgo em cima...

Levantei do banco, e fui comprar um refri de latinha.