segunda-feira, maio 28

Maio 3

Tinha dores nas pernas, paletas e braços. Recém acordado pelo despertador de mil e meio ao lado da cama, encerrou o ring ring com um swype moderninho e prontamente se sentou na cama destapando-se num movimento rápido.
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Deitou de novo, puxou a coberta.
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Tocou novamente. Ele se conhecia, precisava ser teimoso consigo.
- Bueno, vamos para o banho.
Dessa vez não sentou, levantou-se de uma vez, puxando lençol sem querer e tropeçando no mesmo quase derrubando cadeira e deslisando no tapete. Foi quase. Foi pro banho.
Banho quente pela manhã.
5% sabonete
5% shampoo
90% parado sentindo a água
Pensou em ligar, quem sabe uma mensagem de bom dia. Isso, antes de sair mandaria uma mensagem, antes de sair. Vestiu uma cueca não furada e começou a arrumar a mochila, era dia de treino.
O telefone toca, e uma belíssima morena com cara de palhaça aparece no celular lighting my fire.
Desceu o mais rápido que pode, queria vê-la, queria beija-la e sentir aquele toque da pele morena.
Aquela alegria boba, de manhã, ela me surpreende, simplesmente aparece, um bom dia ao vivo, presente, quente, com direito a beijos e abraços. Uma segunda-feira com o melhor início que já teve.
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Lamentou o horário. Se odiou por não ter arrumado tudo antes, ontem, antes de dormir, deixar tudo pronto. Teria tido mais minutos de simples carinhos revigorantes logo pela manhã.
Faceiro foi correndo ao trabalho. Na garupa a alegria.

quinta-feira, maio 17

Roupão


Termina. leiçois loucos
o cara meio torto ja dormindo
ela levanta, o roupão na cadeira perto da mesinha
bota por cima, tapa somente até os mamilos, deixa aberto mesmo
não da um laço, só entrelaça um pouco as tiras pra deixar um pouco mais fechado
um pequeno vão da porta traz uma brisa da manhã
em cima da mesa, pega um cigarro, acende num clique daquele velho isqueiro e vai para a varanda
tem uma cortina enorme e branca, parte dela esta para o lado
ela abre o restante dela e vai para a sacada
seminua, traga com calma e solta para o vento
a manhã chegando, um sol começando a brilhar bem dourado de longe
é uma cidade grande, e ela tem uma vista boa por cima de muita coisa mesmo com aqueles arranha céus
o roupão vermelho escuro forte combina com suas unhas
e a brasa, com o sol

quarta-feira, maio 16

Insuficientemente burro

nem pra alegria da ignorância
nem para a ânsia da inteligência

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conhecimento inútil
quando realmente se percebe que por mais que seja lindo
o carro não vai te ajudar a resolver aqueles problemas das pessoas
que não é transporte, não é físico.

segunda-feira, maio 14

Maio 1

No final das contas, sempre voltava sozinho, seja como fosse, sempre sozinho. Ele tinha isso em mente onde quer que fosse, com quem quer que estivesse, era um vento frio, um lobo solitário que se forçava a ser, uma carcaça de bezouro velho, rolando bosta, estrada a fora, cego, andando de costas.

Assim que tentava fazer as coisas, sempre sozinho, na solidão forçada. Não era arrogância, não era nada desse tipo de coisa. Era simplesmente ele, meio que tentando ser alguém, por que ainda não sabia bem quem era. E de fato, nunca saberá, talvez depois, quando morto, quem sabe de cancer. Talvez assim ele vai saber quem foi, mas de novo, não vai ter certeza da pessoa que realmente ele é. Os de fora que apontem, que lhe mostrem o dedo na cara e digam, e julguem. Ele tenta se externar, tenta buscar um espelho capaz de mostrar a realidade a ele e tudo que ele consegue é mais um fardinho de cerveja. Pensa em mudar de assunto, em falar que a cerveja lhe coloca nas nuvens, o faz falar mais, o faz se abrir se soltar das amarras que ele criou para se protejer. Chega de cerveja, não, não assim, chega. Mas calma, vamos manerar. Isso foi algo que ela ensinou, a calma, a conciencia. Moderação. Ele é tão exagerado que quando modera, até nisso exagera, tudo se torna moderado e monótono.
Buscou mais uma cerveja pra quebrar paradigma. As coisas estão mudando, os ventos da mudança chegaram novamente.

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A tarde bem dizer já havia terminado, estavam ali atrasados, mas de cuia na mão e dispostos a fazer um momento bacana. Os caras que sabem tocavam violão, ele curtia aquela música, gostava de ver como acontecia a mágica, como que os movimentos, o sangue das pessoas se transformava em som.
Vento frio batia, o sol aos poucos ia se deitando por trás das árvores muito além do guaiba.
Conforme o tempo foi passando, umas piadas falando e uns sons se tocando, ele foi vendo aquela primavera da juventude. Ainda não se acostumou com ela, é um pouco deslocado, não sabe se pode se permitir fazer certas coisas, curtir determinadas coisas. Talvez seja só ele que insiste e que não vê, que o novo sempre vem. Boas risadas, muito boas, a história de merda quase o infartou, o humor negro sempre muito cômico, mesmo com as velhas piadas, é sempre alegre, sempre cruel e divertido. Ele reparava nos vultos atras deles, de longe a fumaça de churrascos de gato e provavelmente rato também, de tantos que ali havia. De longe, uma usina desativada fazia uma bela cena, as luzes iluminavam a noite, afuscando as estrelas que sabe-se bem, na cidade nunca são as mesmas.

Talvez estrelas ali fossem aquelas pessoas, reunidas, sem muito, nada de mais, simples, só umas pessoas trocando um tempo de suas vidas.

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Ele num café, bebericava de leve, estava quente e a lingua pedia um beijo. Aqueles labios vinham doces para os novos. O amargo do café, o doce chocolate. Aos poucos conhecendo mais, aos poucos gostando mais e se envolvendo, se montando uma história, delicada, meio confusa mas nem tanto. Cada vez mais certa. Não eram juras, a principio, não serão juras, mas realidades, se troca uma experiencia, uma expectativa bem clara, sem muito adorno. Cada novo beijo, uma nova lembrança marcada, uma vida mudando na outra, e aqueles quatro olhos claros sem certeza de nada de um jeito ou de outro sabem, que estão sempre certos no calor que o inverno tras em cada abraço.

quarta-feira, maio 9

Inglês

Alegrias de um smart phone configurado para inglês: a tela bloqueia e volta com o mês bem gritante na tela:
May
O calor do mês, esquentando o sangue, fervendo desejos.

Duas cervejas e nenhuma companhia

Dizia que gostava das quartas, mas talvez o dia pouco importasse. Era terça e ele sentia seu corpo cansado, como sempre. Dores nas costas seguidos de estralos que momentaneamente lhe parecia melhorar para no instante seguinte voltar uma dorzinha que tão depressa piorava. Sempre pensou-se velho, queria ser velho, maduro, correto. Talvez essas dores, talvez os cabelos brancos que lhe apareciam tão cedo fosse apenas seu desejo se tornando realidade, um carinha qualquer envelhecendo, só isso.
É besteira, ela disse. Sim, foi mais ou menos isso, em suma, que ela comentou de forma tão natural, era só um cara com vinte e poucos e mais nada. Bobagem pensar que se pode ser velho tão cedo, se é velho depois, quando se é de fato, inevitável e impostergável, velho. Certo, alguns pouco distintos com idades diferentes, quer dizer, os anos de um nunca serão os mesmos de outro, mas no final das contas, talvez a infantilidade que se tem depois compensa. Não isso ela não disse, talvez fosse de por uma nova linha ali atrás e deixar claro que a conclusão sobre infantilidade não é dela. Tanto faz, já estamos ficando meio unidos mesmo, que seja nessas linhas também. Estou supondo coisas dentro de uma conversa apenas com a lembrança e com a ideia de uma personalidade que pouco conheço. Loucura.
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Talvez o problema seja isso mesmo, essa coisa de ficar pensando e pensando. Ele, tentando fazer qualquer coisa para se opor ou para se guiar para um determinado futuro, tentando controlar as massas. Isso sim é problema. Pensou. Quem sabe é apenas uma insegurança, aquela coisa de não poder dar certo e tu não sabe se isso ou quem sabe... besteira. Nem ele se aguenta pensando sobre esse tema já tão discutido, tão gasto.
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Ficou dessa última (teima em permanecer), é uma tristeza que o assola de tempo em tempo, vindo e indo com o vento sem aviso. Uma especie de saudade, mas não é um querer denovo, não se trata disso, talvez seja ego, ego-ísmo. Pensa que ela merece um homem de verdade, daqueles maduros que ele achava que poderia ser, hoje vê que é apenas um guri de barba. Pouco importa se é ou não, ele pensa que queria cuidar dela, queria ser esse cara de novo? Não, é egoismo mesmo. É não querer deixar ir. Não pode ter, mas não quer que ninguém tenha. Que não a façam feliz, a prefere triste, morrendo. Assim ele tem segurança, ele fica tranquilo de que nunca se arrependerá, dessa forma ninguém poderá supera-lo, talvez se for se arrepender anos mais tarde, ela esteja lá o esperando. Machista infantil. Mas ele sabe, será um homem de verdade, com lá seus defeitos mas antes de tudo maduro, capaz de lidar com os desafios sociais com maestria, um cara que ela certamente admirará e poderá construir seu futuro ao lado dele. Aquela família que uma vez foi imaginada por ele, será naturalmente de outro, merecedor de fato. Nessas horas não se pensa nos problemas que eles enfrentarão, nem que isso pode demorar ou então que simplesmente não irá acontecer, na cabeça dele esse novo homem será ele mesmo, com alguns anos a mais, uma capacidade muito mais para os sentimentos que ela necessita. Agora ele sabe que ainda não é velho, ainda tem mais chão pela frente. Admitir que não sabe a metade, dura realidade.

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Não teve solidão, não conseguiu deixar. Talvez ela simplesmente tenha de fato mexido com ele, o pegou pelos bagos, por baixo, deu um tiro no peito. Não houve solidão, certo que sim, quer dizer, um pouco, mas pouco mesmo. Tão logo passou, antes mesmo de chegar, ja estava químico, alheio e um tanto aéreo. Besta.

sexta-feira, maio 4

emoção


- ai cara
o celular nao chega
as capinhas e coisas da china tambem não.
eu não aguento mais

- a nossa vida se resume em esperar as coisas chegarem, cara
isso vai matar a gente um dia
é muita angústia

- é verdade
mais agora que estourou a camisinha
to esperando resultado também
e esperando amanhã pra poder pegar o fusca
to até esperando que meus colegas façam o trabalho da faculdade que é pra amanha.
queria que fosse piada


- é muita emoção

quarta-feira, maio 2

Incrivel

Deu um aceno de sobrancelha rápido, olhando no olho.
Fluindo poder pelos quadris que trilhavam um corredor curto mais parecendo uma passarela.
Não da pra evitar, aqueles passos certeiros num salto parecem até naturais, me talham desejos sinceros e instantâneos.
Com estilo e um charme aquele cabelo balança acompanhando um ar que ela mesma cria, incrível.