quinta-feira, março 20

Sono

Perdi. Perdi completamente o sono. Fosse menos cético dava uns pulinhos pra São Longuinho que aliás não faz sentido. Se é longo provavelmente não é longuinho, se é longuinho pode ser curto ou sendo longamente pequeno, talvez seja só um cara normal.

--

Fui fazer um certificado de identidade virtual hoje, não era second life nem facebook nem orkut ou qualquer coisa coisa. Parece que o governo começou com um tipo de second life, só que tu veste cara de palhaço e paga muito caro por isso. Bem caro. Eu comecei a achar piada, afinal de contas, tudo o que me foi pedido foram os documentos que um cidadão normal deveria ter. Endereço, passaporte, título de eleitor, essas coisas caóticas.
Pensando um pouco melhor, tudo o que fiz foi juntar toda a informação sobre minha pessoa, e reuni-la num sistema online que depois de uma taxa de R$ 165,00 me envia um arquivo com meus dados. Eu fico me perguntando se aquilo não é um roubo... temos cédulas de todos os documentos, todos pagos e físicos, logo eu compreenderia algum tipo de valor por ser algo tangível. Mas nesse caso, é um arquivo no computador gerado por um sistema federal. Não faz sentido ser tão caro... não faz sentido na realidade, ainda utilizarmos papeis.
Bom, vou fazer o que? Talvez um dia eu me torne influente economicamente ou politicamente e tente mudar por dentro as coisas. Quem sabe eu funcione, quem sabe não me matem no primeiro momento que detectarem força de vontade. Bom, fica pra um outro dia, não tão tão longe.
Paguei com cédulas. É, papel, papel mesmo, dinheiro, folheto que significa alguma coisa. Nessas horas eu penso que pagar com cartão me faz sentir menos pior. Como eu não dou valor a quase nada, não ver nada meu 'ficando' com outra pessoa me deixa melhor. Hoje eu ví algumas notas saindo da carteira e ri de pensar que todas essas pessoas adultas e crescidas ao me redor acreditavam no papelzinho do dinheiro. Achei engraçado retornar aquele pensamento de que no fundo no fundo, é só um pedaço de papel que nós atribuímos valor.

--

Mas o que é, se não o que acreditamos que seja?
Daí se viaja no 5w1h.
O que, quem, quando, por quê, aonde, como
--
O que é o futebol?

O que é a igreja?
O que é a lei?
Quem faz a lei?
Quem cumpre a lei?
Quem reage?
Quando a obra deveria terminar?


Quando isso tudo vai acabar?
Por quê não gritar?
Por quê é assim?
Aonde tudo vai começar?
Aonde que vamos parar?
Como vamos ficar, aqui, com o cú parado?

terça-feira, março 11

Esperança

Ouviu a tia vinda do norte conversando com a mãe na cozinha. Não era normal, era um dia qualquer das férias de quem tem uma vida regrada por padrões e patrões. Não tardou nada a levantar-se e juntar-se a porção de família que burburinhava sobre tudo, sobre a gravidez prematura de sua irmã, sobre o preço do tomate, sobre o método de secagem da louça.

Ele até tentou esquivar, mas tantas palavras estavam tão presas que no primeiro momento que sentiu uma possível ouvinte, uma possível fuga, todas fugiram, de mãos dadas e numa trotada única que o deixou de garganta seca.

Foram tantas metáforas, tantas conversas que ele se repetiu e repetiu como um louco. Foi desabafo, um grito falado.
Os tópicos, tentando de forma resumida acho que seriam: as culpas, as atitudes atuais, o futuro do pretérito, o ideal e mais importante de tudo, o papel de cada um.
A culpa é inicialmente de quem é faz e de quem cria que permitiu fazer, entretanto, não interessa, pois não resolve nada. As atitudes atuais demonstram claramente um futuro complicado com dificuldades sociais, economicas e psicologicas que possivelmente se alastrem aos inicialmente 'culpados'. O futuro pode ser alterado de forma significativa e pode sempre ser planejado, pode se aprender com o passado e tentar trabalhar para um futuro mais bem pensado do que o estilo deixe a vida me levar. Finalmente será uma bela obra se essa peça teatral tiver atores que cumpram seu papel adequadamente, sem tropeços de falas ou desvios de improvisação por falta de preparo.
Por último, a teimosia, Há esperança.