terça-feira, maio 27

quem não tirar é a mulher do padre

Fazia um certo tempo que não respirava com tanta vontade. Hoje, saindo do treino, o ultimo cumprimento foi uma coisa meio bizarra, que no sábado eu não tinha entendido direito, foi fechar os olhos sentado em cima dos pés, e respirar um pouco com um pouco mais de vontade. Foi genial. Fazia tanto tempo que não respirava de verdade que nem notei o quão bom era isso, sentir a energia queimando nas veias, aquele ar de inverno vindo sorrateiramente pela janelinha entre-aberta da parede da frente, a distancia a todas as coisas que me rodiavam, o silencio de fechar os olhos, sentir alívio de finalmente sentar-se depois de um tempo de esforço físico, em fim, tudo ajudou muito, acho que foi a melhor parte desse treino. Devia treinar mais o treino.
O fato, é que por trás de todo esse romance e drama viadinho, vem a parte boa da coisa, hoje vi uma foto daquela morena, de tempos atrás, de outro país, no msn e estava lá com o mesmo cara que eu havia comprimentado quando fui a última vez aquele país louco. Estava ela dando um beijo no pescoço dele, e tinha na cara dele uma cara clara de felicidade que se replicavam nos olhos semi-cerrados dela, eu adorei ver a foto! De verdade! Foi como pensar que finalmente as coisas haviam tomado o rumo correto, o rumo final da história que não construimos mais juntos. Um alívio, foi como respirar denovo por ver que ela também já sabe respirar.
Hoje olhei televisão. Fazia tempos que não olhava, e deu um filmeco de sessão da tarde na tela-quente. A filha do presidente. No original, First Daughter. Pois bem, o filme não era nada de mais, uma coisinha classica sem graça com muitas coisas previsiveis. Mas eu adorei. Não cheguei a olhar inteiro, apenas olhei e olhei enquanto esperava meu computador ser desocupado pela minha irmã. Sem stress o tempo passou e eu me diverti um bocado com aquele filme sem graça, foi como deixar a ignorancia tomar conta. Antes de voltar ao computador, fiz questão de aprender a fazer café, exatamente. Fazer café naquelas máquinas malucas, muito velhas até, eu não sabia, ou melhor, não exatamente não sabia, senão que não sabia a medida que se usava na que temos em casa. Fiz duas xícaras de café com leite pra mim, o melhor café do mundo. Sentei sozinho na cozinha pra tomar o café segurando a xícara com as duas mãos pra aquecer. Olhei pro teto enquanto bebia e foi de imediato que me veio a visão de dois anos atrás, em que eu olhei pro teto, com determinação pensando que ia ir pro chile. E fui.
Fiquei rindo um pouco sozinho com xícara na mão e colher cutucando o nariz, não sabia o que exatamente ia fazer agora, quando me dei por conta, notei que denovo eu descobri o que ia fazer, sem planos exatos, sem um etinerário ou roteiro, senão que aquela simples vontade de fazer XIS coisa.
Parei um pouco com o joguinho no computador e fui ler os emails de mensagem e correntes que normalmente se recebe de amigas que estão mais pra pombo correio que qualquer coisa. Um deles falava sobre mulheres, outro sobre mulheres virgens. Foi ótimo! Um melhor que o outro, me dei o prazer de ler duas mensagens que foram boas, ao menos para a moral interior. Tava pensando ontem, enquanto olhava a cara marcada de velhas espinhas e barba comprida, que talvez seja só questão de pasciencia e noção. Falo de mulheres, tanto virgens como qualquer outro signo.
Cortei a barba, cortei não, deixei ralinha, como eu gosto de ver. Não um bebesão, mas também não um comunista. Pentiei o cabelo e fiquei brincando com o pente, pra lá, pra cá, voando, girando, trocando de mãos, e lalala. Foi ótimo fazer umas coisas estúpidas na frente do espelho.
Um bruxo me emprestou um cd que contagiou o pessoal da casa, incrível como pegou bem aquela seleção de músicas. Uns romances de cotovelo entre outras melosas classicas animadas. Estava sem vontade de ir dormir e resolvi vir aqui, colocar dentro do tempo as idéias de hoje, pra que caso eu fique, eventualmente, gripado e não consiga respirar direito denovo, eu consiga lembrar disso antes que seja tarde de mais. Não quero ninguém comendo ninguém na ponta da faca né?
Legal, agora tenho que revizar isso aqui antes de publicar e deu. Quem sabe dar uma re lida? Não, nada disso, hoje não. Vai ficar como foi vomitado e deu, com todos os milhos boiando, e sim é nojento mesmo, imagina soh, aqueles caras amarelinhos flutuando como pequenos navios cheios de pessoas nuas.
Afinal de contas, tudo acaba com um maluco num megafone mandando todo mundo tirar a roupa e olhar pela janela.




domingo, maio 25

todos, o tempo todo, toda hora, ontem e hoje e depois e além

Ele queria tirar a roupa e ir dormir tranquilamente, mas não havia roupa naquele corpo. Todos estavam nus. Denovo.

sábado, maio 24

when the winds of changes shift

O que aconteceu foi estranho, ele já havia escutado aquele som, ele já havia sentido aquele cheiro. É verdade estava gripado a mais de semana, contudo, assim como sentiu o cheiro pútrido do banheiro daquele bar clássico, sentiu o cheiro do vento, das flores e das árvores.
Ele realmente sorriu, sorriu com tudo que tinha direito de sorrir, ele estava com toda e qualquer força espirita, não natural ou natural, toda as forças de sua natureza, todo o seu ser estava sorrindo, mesmo os mais carrancudos dentro de si, sorriam com grande vontade, mostrando os dentes.
Era o vento. O vento daqueles tempos, ele sentiu o vento novamente, como a tempos atrás uma vez sentira, sentiu o toque em sua face, olhou pra cima e relembrou o gingado dos galhos das árvores que faziam um movimento lindo acompanhados pela brisa suave que elevava a aura de todos os seres que tocava.
O dia foi um real disperdício de tempo, apenas um tempo anônimo dentro do mundo, sem participar e coisas senão que um simples teatro online que fazia papel de bobo e ganhava prêmios com isso. A noite começou boa, com boas conversas e lembranças simples e lindas do tempo de infância real dos já adultos da família, do tempo que se brincava se quebrando, se machucando, experimentando os prazeres de sentir na pele, mesmo a dor, era um prazer naquele tempo em que um "duvido tu fazer!" fazia com que qualquer criança matasse dragões. Ele não fora diferente, por sorte, acho que talvez a ultima geração que matou dragões, e viu os touros do entretenimento virtual crescendo e tomando conta. Aquela noite, ele estava feliz, ele sorria pra si mesmo, e qualquer coisa era um motivo de alegria, o desencontro inicial com seus amigos fez com que ele pensasse consigo o quão bom era poder caminhar livremente por entre as ruas de sua pequena cidade e sentir a noite caindo, ver as pessoas de mãos dadas, ver cachorros latindo com uma presença estranha. Ele gostava daquilo, dos sentimentos, das sensações puras que se sentia ao por os pés no chão.
A noite passou rápido, e quando viu, estava ainda rindo em casa, sozinho, ou quase sozinho, com o cão olhando-o com aprovação de tudo, o cão sábio o olhava de baixo pra cima, e seus pelos traziam a sabedoria de anos caninos a fio, e tudo que lhe dizia era: "Você está certo, o mundo é pra rir." E com um sorriso de canto de boca, o cão finalizava seu olhar, com sua secreta sabedoria escondida entre os beiços.
Antes de entrar no apartamento, e ver o cachorro lhe lambendo de felicidade, de saudade ou puro mimo, ele sentiu o ar do tempo, o winds of changes, ele sentiu o vento shifting, ele olhou pra cima como fizera antes de sair e aspirou o ar com força. Eram os mesmo tempos se repetindo, e mais uma vez ele teve a segurança de estar fazendo tudo perfeitamente bem, tudo conforme o planejado de deus, tudo conforme o que todos lhe planejavam, tudo exatamente como deveria ser para que todos os envolvidos daquele meio entendessem que o vento conversava com eles de tempos em tempos para lhe contar novidades a respeito das coisas que já foram vividas. Ele sorriu para o companheiro que estava no carro esperando o portão fechar e logo depois o sorriso se alargou, para o vento, para ele mesmo, que agora sentia o peito preenchido, sentia que era divertido viver, e unicamente divertido, não havia nada melhor na vida senão que as companhias, os tempos passados com as pessoas que lhe faziam bem de forma geral, passar o tempo com aqueles animais irracionais, fazia um bem a sua vida, a sua aura a seu corpo interno a sua vida em si.
Com o sorriso até a nuca, ele entrou em casa e começou tentar escrever sobre a felicidade que não tinha sentido, mas que fazia sentido, não exatamente sentido para os outros senão que fazia e faz ele sentir o prazer de viver a cada instante que passa com as pessoas tão loucas, tão loucas que chegam a compreender-lo. Não foi nada além de mais um dia, sem muitas histórias marcantes, mas foi mais um dia cheio de maravilhas, de momentos inesquecíveis dentro da vida sofrida das pessoas, foram momentos simples, curtos e secos, mas foram com aquelas pessoas. As sombras na área. Os mágicos, feiticeiros... os bruxos.

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Forever young
Bob Dylan

May your wishes all come true,
May you always do for others
And let others do for you.
May you build a ladder to the stars
And climb on every rung,
May you stay forever young,
Forever young, forever young,
May you stay forever young.

May you grow up to be righteous,
May you grow up to be true,
May you always know the truth
And see the lights surrounding you.
May you always be courageous,
Stand upright and be strong,
May you stay forever young,
Forever young, forever young,
May you stay forever young.

May your hands always be busy,
May your feet always be swift,
May you have a strong foundation
When the winds of changes shift.
May your heart always be joyful,
May your song always be sung,
May you stay forever young,
Forever young, forever young,
May you stay forever young.

quinta-feira, maio 22

Smack

Ele agradeceu as moedas, e cantou uma música, que era, mais ou menos, assim...

A música tocou forte naquele jukebox enquanto ele e o pessoal do trabalho jogava sinuca. Não era bom de bola, nem tinha nenhuma preocupação a respeito disso, o mínimo ele fazia, não errava em bola, ao menos não sempre.
Mônica havia lhe telefonado naquela manhã, que por ocasião havia acordado justamente a tempo de atender o telefone, o que era bastante raro já que naqueles dias ele não sabia mais que parte do dia se encontrava, senão que apenas perambulava pelo tempo diário.
-Alô?
-Oi Ruffles! Tudo?
-Oi Mônica, tudo muito doido por aqui, e tu, como é que tá?
-Bem, mas pode melhorar se tu vier me ajudar numas coisas sábado. Digo, hoje, logo logo.
-Coisas?
-É... coisas mesmo, quero re-mobilhar meu quarto e queria uma opinião tua, eu sei que é coisa de mulher, mas vamos lá em porto catar uns lugares de móveis antigos! Vai ser legal, depois tomamos umchopp, o que tu acha?
-Nossa, eu não tava, amm, er... tá!!! é!!! vamos! vamos mesmo! Que horas na rodoviária?
-Depois do meio dia. Ta bom pra ti?
-Pode ser... mas... que horas, precisamente, sai o ônibus?
-Acho que a uma, ou uma e quinze. Tanto faz.
-Então, tá, umas quinze pra uma eu estarei na rodoviária.
-Beleza então, beijo! Até logo!
-Beijo, tchau!
Desligou o telefone e foi pro banheiro "dar um trato". Logo cantou aquela música, quando se depara no espelho, e vê aqueles pelos todos identificando o tempo, ou até arrisca supor, a experiência passada.
-Tu tá um caco. Tu também.
Olhando para seus olhos verdes no espelho começou a fazer toda a "aparação" de barba, enxaguar o rosto, se aprumar mesmo. Em meia hora estava tudo pronto e já organizado no lugar onde as coisas estavam. Vestiu-se e ficou pronto. Aquela altura do campeonato a casa já estava com mais habitantes vivos por ali, a mãe fazia um bom almoço de arroz com massa e carne, seu favorito pela simplicidade. A irmã olhava televisão junto com o cachorro no colo. O velho não estava, sabe se lá onde foi, ou se não está dormindo ainda. Com paciência foi ao quarto e olhou a bagunça toda. Aproveitou o ânimo que só aqueles dias com uma linda manhã proporcionam para arrumar o quarto, dobrar as roupas não sujas e guardar, ajeitar tudinho, só se recusa a tirar o pó. Não tem paciência pra tirar pó dos móveis.
Ao som de músicas antigas, e finalizando com "Sultans of swing" finalizou o quarto e estava apenas lendo o livro antes do almoço ficar pronto.
Terminou de escovar os dentes e logo se foi, de calça com a mão no bolso até a rodoviária. Já era meio dia e cinqüenta e sete e ela não havia aparecido. Ele começou a pensar porque não estava ali ainda. Mais dez minutos de sufoco até que a desgraçada apareceu.
Primeiro ele olhou feio pra ela numa clara desaprovação ao horário. Ela sabia com quem estava lidando, e com maestria retrucou com palavras.
-Tu faz pior.
-Bléééhhh!! que pior o que! Vem aqui!
Logo se entenderam, com beijo de desculpa e oi, nada longo nem romântico, só um selo momentâneo simples e cru.
-Bom, perdemos o ônibus.
-Ótimo, vamos tomar um café!
-ãhn?
-Vem!
Puxou ele pela mão, e antes que pudesse questionar qualquer preço daquele café de rodoviária, já havia sido servido e adoçado. Ele acabou acatando com a idéia por espontânea pressão, já que não tinha como dizer não aquela morena linda. O papo estava bom, ela contou que ia se mudar para um apartamento próximo a um bar que ambos gostavam de freqüentar (ele gostava mais, bem mais), agora ia ter menos coisas para se preocupar e parece que a vizinhança nova não seria um problema, senão que várias pessoas mais novas e não carrancudas cercavam sua nova habitação.
Comentou como queria fazer o quarto, com cama antiga, daquelas com a parte que vai em baixo do colchão feita de molas, uma gradezinha de molas, com uma armação pesada de madeira claramente velha.
Ele teve que rir, afinal, ele também gostava e velhas, só que bem ao contrário das portas, velhas pensantes. Não explicou porque ria, senão que apenas deu lhe um beijo na mão que estava posta sobre a mesa e com carícia fez ela esquecer o tema da risada.
Pegaram o outro ônibus que saiu uma hora depois do ultimo que perderam, no ônibus, acabou dormindo, dormindo de verdade, ele despencou no sono em menos de 10 minutos de estrada, dormiu e acordou, como se o tempo tivesse passado em menos de um segundo, ela não estava numa pose romântica nem nada, senão que apenas lhe cutucou o braço e se levantou pedindo pra ele andar logo.
Mal abriu os olhos e ja foi quase empurrado por ela, desceu do ônibus agradecendo o condutor por ainda estar vivo e bocejou com vontade assim que pos os dois pés no chão.
-Bocaberta.
Ele sorriu e abraçou ela, gostava dessas coisinhas que ela fazia. Ignorou e foram encontrar a tal rua de coisas velhas. Aquela tarde estava boa com um clima típico de um verdadeiro inverno, no sol era quente e gostoso de ficar, enquanto na sombra, tudo parecia frio. Foram caminhando trocando idéias a respeito da posição da mobília nova e sobre o que ela procurava.
-Queria pra começar, um candelabro, não, um lustre, isso, um lustre antigo.
-Meu tio reformou o apartamento dele a recém e colocou uns moveis legais lá, ficou jóia. E falando no lustre, ele comprou um antigaço por uma pechincha de uma parente dele que não sabia o que fazer com o maldito lustre.
-Que coisa... e era bonito?
-Sim lindíssimo, parece aqueles de salão de teatro ou algo assim, cheio de frescuradas para os lados e nos cantos dele as luzes. - Fazia gestos para demonstrar como era, gestos que ela nem olhava enquanto caminhavam.
Perambularam por aquela velha rua de coisas velhas e acharam mais livros que qualquer outra coisa, depois ele ficou fascinado com os relógios antigos daqueles de se por em cima de lareira, ela adorou as cadeiras de balanço, e ele não teve muitos modos na hora de experimentar o balanço dessas cadeiras. O dia passou enquanto eles comentavam e olhavam moveis, mas não compraram exatamente alguma coisa, senão que marcaram endereços, preços etc a respeito de quase tudo que lhes interessou em cada loja.
De súbito ele olhou pro lado e sorriu. Sentiu-se como um namorado, um parceiro, o cara. O cara, para ela. Sim, ele adorou pensar nessa possibilidade, adorou, se encantou com a idéia e ficou realmente feliz num instante. Logo atrapalhou a consulta que ela fazia em uma das ultimas lojas e beijou ela com vontade na frente dum senhor que lhe ditava as informações sobre um bidê.
-nham, ahhh, foi bom isso... desculpe senhor, só um momento. Mas pra que isso?
-Nada nada, continua, não queria atrapalhar, só deu vontade.
Ela sorriu pra ele e voltou a falar com o senhor que logo retrucou.
-Vocês são casados? Digo, namorados?
Ele ouviu e sorriu para si de novo enquanto fuçava num aquário velho mais no canto da loja, escutou a resposta dela com certa surpresa.
-Não, ao menos não ainda. E tu aceita cartão? cheque?
Logo viu que não tinha como pagar no cartão ali, não era um lugar grande, só um senhor de idade que reciclava os antigos objetos de seu tempo. Cansaram de olhar móveis, até que ele reclamou que tinha sede. Sede de chopp. Foram em mais uma loja, aquela clássica "ahhhh só mais uma!", e finalmente se encaminharam para um barzinho na Borges, onde ele conhecia, ao menos, o chopp. Ficaram por lá e ela organizava suas anotações. Muitos cartõezinhos e bilhetes, uns papeis de enrolar bife entre outros. Aquelas lojinhas não mantinham um padrão, o que deixava cada uma com um ar diferente, um ar de outros tempos.
-É... vai sair mais caro que eu esperava.
-Deixa ver... hmmmm... o que tu mais gostou?
-A cama daquela ultima loja, não penúltima! Era perfeita! Tenho certeza que tem até as medidas certas, adorei aquela decoração rústica na cabeceira, madeira talhadinha e tudo, muito bonita, nossa.
-Hmmmm... tu tem como pagar?
-Não, não se quiser montar o resto do quarto também.
-Então eu te ajudo!
-Hahahhaha, tu nem tá mais trabalhando guri!
-Detalhes, detalhes eu ainda tenho meus trocadinhos, tenho certeza que posso cooperar com uma parte razoável. Afinal, a cama também é de meu interesse... ehhehehe
-Hahhahahah, engraçadinho. Mas não, não quero que tu pague.
-Certo, agora, não estranhe se a cama aparecer no teu apartamento segunda-feira.
-Ah não! tu não faria isso!
(pausa)
-Faria sim! Droga, tu faria! Desgraçado!
-Não incomoda, vamos mobiliar teu quarto, vai ficar legal, agora só não me pede pra fazer o trabalho de peão e subir escadas levando os moveis que se for isso eu fico em casa.
-Tá bom... tá bom então. Vamos lá depois e já vemos isso, pode ser?
-Claro, só espera eu terminar meu chopp.
-Pinguço.
Ele não falou nada a respeito desse ultimo comentário, só se aproximou da cara dela deu lhe um beijo, que soou bonito, como nos quadrinhos.
"Smack!"

Vômito

Os dedos desataram a escrever apenas por exercício.

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Aquela manhã soava como um presságio de dia bom.
Foi de cantos de passaros ao radio relogio, sol na janela
os passos se foram pondo um apos o outro em direção ao nada
viajou de trem, foi voando
"eu sabia que ia me atrasar", resmunguei
nao passava de um pobre menino brincando nos vagoes
sua sorte era pouca, mas pior era ver aquele outro pedindo ajuda
seu sagrado tesouro, sua historia seu conhecimento
nao mais que 15 anos...pobre garoto.
pelas ruas procurando emprego, nao mais que salario minimo
nao mais que o desgraçado, soh mais um pirralho pelas ruas
ouviu bossa nova de graça perto do teatro
começava a chover no parque pela meia hora
se sentia bem enquanto escutava a batida, o ritmo
ele entrou mas nao conhecia ninguem
o tom da musica baixou, e junto se curvava por um pedaço de pão
para o fundo do poço, estava escorregando o tobogã
sem para-quedas sabia que hora outra acabaria de cara no chão
quando alguem acendeu a luz e perguntou quem era
"eu não me importo, estou bem assim"
o cavalheiro saiu da varanda com um saco de comida na mão
seu orgulho burro e feio lhe dava socos de fome no estomago
nao era mais o que nunca foi, nem conseguiu sonhar aquilo que queria ser
talvez um sultão, talvez um crioulo
no trem, ele voltava pra casa, depois da vida que levara,
depois da historia que tinha pra contar
soh batucava aquela batida do teatro, nao cantava
"boa noite meu principe!"
com o beijo selava a estupidez de sua brincadeira de gente grande
sentia o sintilar dos solos daquela guitarra que parecia jazz
no peito, ofegante, sentia sua alma querendo sair, explodir o mundo, domina-lo
"estou aqui pra voce", "acalme-se, o sol ja vai nascer"

quarta-feira, maio 14

Ameno

preciso aprender a tocar violão.
porque faz pouco tempo que também me convenci que tudo não passa de nada, e agora, claro, tudo faz sentido, e sendo assim, mereço aproveitar mais esses dias cinzas, amarelos e azulados. Falta um vermelho de vez em quando pra animar o fogo fluindo no sangue. Vi um vídeo que me provocou danos mentais temporais. São dois caras malucos, me pergunto o que estariam eles conversando. Se sobre o jogo com os bruxos do sábado passado, ou o que fazer sexta que vem?
Eu começaria com uma piada para quebrar o gelo, não estão num funeral, só num cemitério.





Logo vou andar nos cemitérios, no ponto final das pessoas nas virgulas do tempo em geral. Engraçado que começo a me preocupar com isso, de maneira tão natural, sem medo, sem muita tristeza de pensar que as coisas morrem, parece que faz parte mesmo, e faz bem morrer. Logo as pegadas vão ser apagadas pelo vendo, e ninguém se lembrará de muita coisa, todos acordarão perdidos em uma floresta qualquer de um lugar qualquer sem propósito algum, sem objetivo senão o de voltar a dormir. Notei que havia parado de criar como antes fazia, era quase comum sair por ai escrevendo como um doido, embalado em luckys e sentido vento gelado na cara, normalmente fazia de tudo, até as mais obscuras poesias, até peças teatro, filmes, musicas, novas raças, culturas. Criava tudo, criava deuses e novos seres. Era tudo denoite, antes de dormir vinha o rascunho, durante o sono, as coisas se tornavam realidade, e podia ver os fogos de artificio de um novo mundo feliz por estar vivo, estar podendo sentir a vida.
Tomara que demore muito, tenho desejos ainda que são grandes, maior que de gravidas, mesmo que não vá nascer ninguém com a cabeça conforme meu desejo, eu tenho que satisfaze-lo para garantir que não vá para meu próprio inferno, para o arrependimento, ou pior, para as desculpas do não deu tempo. hoje é o ontem de amanhã, e ontem, foi todo o mundo.
Amanhã vai fazer sol, acho que vai estar ameno.


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My Back Pages
Bob Dylan

Crimson flames tied through my ears
Rollin' high and mighty traps
Pounced with fire on flaming roads
Using ideas as my maps
"We'll meet on edges, soon," said I
Proud 'neath heated brow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.

Half-wracked prejudice leaped forth
"Rip down all hate," I screamed
Lies that life is black and white
Spoke from my skull. I dreamed
Romantic facts of musketeers
Foundationed deep, somehow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.

Girls' faces formed the forward path
From phony jealousy
To memorizing politics
Of ancient history
Flung down by corpse evangelists
Unthought of, though, somehow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.

A self-ordained professor's tongue
Too serious to fool
Spouted out that liberty
Is just equality in school
"Equality," I spoke the word
As if a wedding vow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.

In a soldier's stance, I aimed my hand
At the mongrel dogs who teach
Fearing not that I'd become my enemy
In the instant that I preach
My pathway led by confusion boats
Mutiny from stern to bow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now.

Yes, my guard stood hard when abstract threats
Too noble to neglect
Deceived me into thinking
I had something to protect
Good and bad, I define these terms
Quite clear, no doubt, somehow.
Ah, but I was so much older then,
I'm younger than that now

segunda-feira, maio 12

Aqui no cartoon network

Ele ainda sentia suas pernas naquela noite. O céu estava bem estrelado, e tudo indicava que dia de amanhã seria muito bonito, ao menos, o céu faria sua parte. Saiu de casa com uma enorme vontade de se divertir, estava "a ponto de bala", estava louco por diversão, queria aproveitar a noite de uma maneira que ele realmente havia aprendido a fazer, de uma maneira espontânea, natural, uma maneira hilária, louca e contagiante, queria deixar de lado aqueles problemas todos e cantar alto as músicas que tocassem, não queria soltar a franga, queria pegar uma franga pra dançar (e não entendam mal), queria viver mais uma noite com mais intensidade em excesso.
Maldita hora foi a que ele olhou pela janela antes de sair. Ele viu aquelas árvores. Eram as árvores da ilusão, as árvores que lhe faziam pensar, quase como fantasmas que vinham para assombrar seus sonhos, seus sonhos sonhados acordado para aquela noite. Não tardou a ver-se em constante auto-contra, perguntando a respeito de tudo que estava indo fazer, se auto-questionando sobre as razões das coisas. Ele já havia combinado numa razão para tudo, já havia feito um pacto, um pacto com o seu lobo e resolvido as coisas. Parece que o lobo voltava a atacar, descumprindo o pacto e deixando-o doente, doente da cabeça, novamente.
O início foi interessante, talvez um pouco sério demais, mas a noite estava começando de maneira boa, mesmo que ele mantivesse, internamente, pensamentos muito analíticos, ele conseguia se distrair e descontrair com tudo. Não tardou, e logo viu Mônica sentada numa cadeira ao lado. Ela não estava lá, não era tão chegada assim aquele tipo de bar, o melhor bar do mundo, para ela, era apenas mais um bar com apenas umas melhorias. Era sua imaginação voltando a brincar com ele. O lobo fazia fantoches quase reais ao seu lado, brincando com seus sentimentos, a tanto tempo quietos. Ele sabia, ele queria apenas Mônica, sentia mais saudade dela do que tudo na vida, queria novamente abraça-la e beija-la com carinho, queria fazer amor com ela, e depois um sexo, para descontrair. Terminaria comendo torradas sem presunto na cama, ou olhando televisão em baixo das cobertas num dia de inverno tão agradável (ao menos seria para ele, já que ela, friolenta que era, não tinha como gostar do inverso se não fosse por seu corpo sendo aquecido pelo dele).
A coisa desandou muito rápido, viu sua imaginação brincar com ele, viu sonhos acontecendo enquanto os amigos (e ele também, riam), ele viu que estava decaindo, e se esforçou para não estragar a noite de ninguém, mas estava difícil, o clima, o blues do céu estava baixo demais.
A festinha tinha de tudo, ao menos, ele esperava que tivesse. Viu coisas lindas, viu pessoas que ao menos de longe e de boca fechada pareciam boas pessoas. Estava reparando em como uma loirinha dançava quando de repente lhe veio a idéia simples e que talvez ela estivesse por ali. Deu uma volta por dentro da pista depois de tirar uma água do joelho, estava um tumulto, viu muita gente que ele, apenas de olhar, odiava (o estilo lhe fazia ter vontade de matar). Ficou terrivelmente decepcionado ao apenas imaginar que ela poderia estar ali, agora, pensando com um pouco mais de calma, diante de letras... pensou que, se ele estava lá, porque ela, não estaria? E se estivesse procurando por ele naquela festa, se estivesse irritada também, jogada num canto bebendo e/ou fumando? Não estava, pois ele lembra de ter procurado-a, ao menos de olho.
Restou-lhe contar as moedas e ir para o calmante de alcatrão, ocupar as mãos, e com sorte, parar de pensar. A fumaça que sorvia vinda de fora, lhe penetrava nos pensamentos e passava a fazer parte das miragens que ele via, estava completamente sozinho enquanto pensava nela, naquela desgraçada que ousava desaparecer sem precedência alguma. Ele já havia aprendido durante a viajem aquele belo país comprido, entendia que ele não era alguém de festas o tempo todo, era do tipo bar o tempo todo e com sorte, naqueles dias, uma boa festa. Aquele dia, não era um daqueles. Estava muito pensativo e a noite não rendeu nada além de mais sonhos para cumprir. Isso é bom, visto por um lado, contudo, já estava com uma boa pilha de sonhos para por em prática, e mesmo não sendo algo muito grande, tinha de cumpri-los. "Enquanto sonhar, viver", pensou, e colocou bem bonito em letras grandes e vermelhas em sua cabeça, enquanto as luzes piscavam, e ele, como um garoto perdido na estrada, via aquele letreiro no meio da noite, e aproveitava sua luz para guiar o caminho para o clarão ao lado da estrada e fazer sua barraca.
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As pessoas estavam despreocupadas, estavam largadas ali, mexendo, ignorando a estupidez de seus movimentos do que alguns chamam de dança. Estavam todos ali delirando com a batida sem notas progressivas, sem instrumentos de corda e apenas bits eram convertidos na saída de caixas de som, fazendo com que todos tirassem um tipo de etiqueta para fazer charme para outras pessoas, se entrosavam, alguns queriam apenas "trosar" mesmo, enquanto outros ficavam mais de canto, de pose com suas bebidas em mão e peito estufado olhando para mais uma gatinha que passava. Existiam putas lá, existiam putos e também ficou impressionado ao ver um fogão a lenha, não exatamente um fogão, senão que um aquecedor mesmo. Sentia como se apenas aquele babaca, era o único que não conseguia descer do pilar normal da sociedade para se divertir junto com eles. Ele analisava, que deveria parar de analisar, deveria se soltar mais, deixar os instintos mandarem e fazer as coisas mais estúpidas que só ele faria na vida, mas não, ele tinha um bloqueio próprio para ser chato, ele sabia ser frio e distante de tudo, e mesmo na multidão, ele estava sozinho, estava feliz e infeliz por isso, gostava de se sentir superior em sua cabeça estúpida e pensar "Tolos imbecis, não sabem que são apenas ondas sonoras? Não entendem nem isso?! Movimentos inúteis e patéticos". Ele pensava junto disso que ele era mais tolo e mais imbecil que os outros, mas de alguma maneira, ele gostava disso, seu lobo queria ser do-contra novamente, queria ser o que todos não eram, ser o X no meio dos Y. Estúpido sozinho, pensava, agora sobre psicologia, que talvez isso fosse apenas porque ele sabia, que nunca fora um dos pop quando mais jovem, era apenas mais um, e normalmente não era por extenso, senão que "+1", simples e discreto. Ele queria chamar atenção dos pais, amigos, familiares e até desconhecidos, queria mostrar-se, estava complexado de tanto tempo ser discreto.
Discreto, porque ele gostava disso? Gostava, ele já sabia, do elemento surpresa. Quando todos esperavam que não fosse nada de mais, mostrar que é algo mais, algo um pouquinho além das expectativas, além da sua expectativa. Era isso, ele queria ser superior, queria passar os outros, e isso estava destruindo-o, pois não conseguia pensar em como ser superior a eles, a todos eles, todas as pessoas do mundo, todo o conhecimento do mundo, todos os lugares que precisava conhecer e entender sua história, todos os acontecimentos que deviam acontecer, tudo, ele queria abraçar tudo, ser muito maior que aquilo que via, que sentia. Esse era seu problema.
Era por ela. Talvez isso fosse o pior, ele sabia que tudo que fazia, não era para ele, senão que para encontra-la e ter toda a certeza de que ela desejaria a ele, e única e somente a ele. Precisava crescer, estava ficando maior, mas não estava crescendo. Perdeu o compasso do auto-crescimento e estava se perdendo no ritmo, enquanto o lobo atacava para proporcionar-lhe agoniantes pensamentos ou sem saída, ou com tantas que valem o mesmo que nenhuma. Era no peito que estava o problema, ele queria te-lo preenchido novamente, queria que alguém colocasse algo lá novamente, um significado, uma idéia, talvez até, um caminho.
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Suas pernas já doíam quando acordou, foi lentamente até o banheiro passar uma água fria na cara, contudo, sabia que aquele dia, não tiraria o pijama. Não tirou, já era noite, quando lembrou que existia uma feira relativamente interessante para visitar junto com amigo(s), talvez por causa do "relativamente" ele não tivesse lembrado automaticamente durante a tarde. Pois bem, jantou com gosto uma comida gostosa que a mãe fez e foi passar o tempo na frente do computador. Não adiantou tanto assim. Ele pensava nela, e parece que até ele voltar a cair em seus braços, ele seguiria pensando. Mônica maluca, onde diabos você está?

segunda-feira, maio 5

odiosas

Não lembro bem em que livro eu li: "Comparações são odiosas", Mas sempre que algo é comparado em algum tema, sempre que qualquer coisa se relaciona com outra, mostrando altos e baixos, eu repito pra mim mesmo que comparações são odiosas. É a respeito de comparar mesmo, nada, nada é comparável. É como tentar fazer o mesmo navio de guerra duas vezes, se pode tentar fazer o mesmo modelo, o mesmo design... mas quando, quando que duas árvores crescem do mesmo jeito, para que se possa usar a mesma madeira duas vezes em navios diferentes?
A coisa toda começa numa estatística. Se mostra um preço de gasolina no outro país.
-Uau! Muito barato!
Não é possível ter noção alguma de qualquer coisa, fazendo comparações. O barato, só existe dentro das condições de caro que cada um conhece para si mesmo, conforme sua família, conforme seu trabalho e sua infra-estrutura. Queria eu comprar uma moto, uma simples twister, para sentir o vento por aí quando bem entendesse. Começa bem porque não tenho nem carteira de motorista, nem pra moto, nem pra carro, devido as prioridades que coloquei na minha frente. Atualmente, uma moto custaria mais de 50 anos de espera arrecadando dinheiro, centavo a centavo, até conseguir comprar uma moto no preço atual.
Atravesso a rua, e conheço amigos de mesma idade com um carro próprio na garagem da casa dos pais. Aquele foi o presente de natal, seguido do de aniversário que foi uma viajem para Austrália. Ótimo, isso não é inveja alguma, agora, como diabos comparar o preço da gasolina entre nós? Pra mim a gasolina daqui e dos estados unidos é uma mais cara que a outra, enquanto para aquele amigo, talvez lá fosse uma mina de ouro de tão barato que é a seus olhos.
Comparações são odiosas, como comparar uma implantação de uma legalização das drogas, entre Brasil e Inglaterra? Ah, porque se tu pegar os códigos penais, a quantidade de gente que morre em função do tráfico de cada país, se verificar a quantidade de clinicas, a tecnologia e métodos atuais de tratamento de viciados, se verificar tudo isso junto... será inútil. Não existe maneira de comparar tal coisa, as coisas são sempre diferentes, principalmente tentando comparar pessoas, ou ações das pessoas. Cada povo nasceu, cresceu, e ainda se desenvolve dentro de uma estrutura diferente, dentro de religiões, dentro de problemas, soluções, dentro de terras e ares completamente diferentes.
O que você faria com um milhão de reais se ganhasse agora?
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Eu compraria um carro muito foda.
Eu ia juntar mais ou por no banco pra viver dos fundos desse dinheiro o resto da vida.
Ia pra Las Vegas e faria uma aposta comigo mesmo pra ver em quanto tempo torraria tudo.
Faria todas as viagens que sempre quis fazer.
Distribuiria entre os amigos e familiares que precisam.
Doaria tudo a igreja, aleluia!
Gastava tudo em doce.
Montaria uma empresa.
Montaria a casa dos meus sonhos.
Compraria uma chácara.
Investia em fundos de risco para faturar mais.
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Mas eu, eu mesmo... acho que ia começar com os sonhos que antes iriam demorar. Ia fazer de tudo um pouco, com algumas exceções. Não ia montar uma empresa, não ia doar a instituição alguma. Provavelmente daria uma boa parcela aos familiares que tenho noção que eles tem noção de como gastar o dinheiro, também deixaria um pouco na mão dos amigos mais chegados, porque tenho certeza que mesmo que se forem gastar tudo em cerveja, eles vão me convidar. Ia fazer as viagens, comprar a moto, comprar um casebre muito pequeno em outro país e me regularizar lá.
Logo ia acabar o dinheiro, logo as coisas se consumiriam, ou melhor, o tempo ia consumir contudo. Mas o que você faria se ganhasse tanto dinheiro?
Para a maioria das pessoas, isso é realmente muito dinheiro, agora para outras, não passa de mais um mês, ou um ano de trabalho. Comparar o estilo de vida, ou desejos que se realizaria é simplesmente impossível dentro da conjuntura atual de experiência social. Ninguém viveu as mesmas coisas que as outras pessoas, portanto, cabe cada um apenas entender o que viveu, ou o que chega próximo a sua vivência. É como tentar impedir alguém que nunca teve nada na vida, um real pobre, de gastar tudo em carro foda e um casarão. Ele provavelmente ficaria drogado de tanto dinheiro, não, não compraria drogas, quero dizer, que a possibilidade de ter, o dominaria e ele não pensaria nem duas nem uma vez antes de comprar as coisas que sempre quis ter. Por tanto, comparações são odiosas.
Não apenas com dinheiro, mas com sentimentos. Pessoas que não tiveram um bom relacionamento familiar, pessoas que não criaram o hábito de comer na mesa junto com a família toda e manter uma discussão todos os dias a respeito de cada coisa que cada um fez, é impossível comprar as reações e ações de cada indivíduo dentro de experiências traumatizantes, dentro de acontecimentos que podem marcar vidas. Eu vi as duas torres caindo pela televisão, acho que apenas alguns minutos de atraso ao tempo real, como um maníaco, eu ri muito pensando que aquilo lá vai mostrar que nenhuma fortaleza é impenetrável, mas muitas pessoas chorarem, morreram de medo, algumas talvez desmaiassem por te algum parente trabalhando lá. Eu não dou a mínima, não tenho a mínima noção do que é estar num desabamento, do que é ver sequer uma casa sendo demolida, não tenho noção do medo que provoca nas pessoas tamanho poder de destruição. Desculpem pela risada naquele dia, mas o que eu deveria fazer? Eu nunca vivenciei tal fato, nunca vi nada igual, e sabendo que era real, minha única reação foi rir.
Portanto, não me culpem se eu contar piada ao ver alguém morrendo. Comparações são odiosas, entendam a diferença entre as diferenças, e levem esse tipo de coisa em consideração, quando se for tentar comparar novamente, porque mesmo que inútil dentro dessa analise, essa ilusão nos faz tomar decisões.

sexta-feira, maio 2

tá, só não conta.

-Se tu pedir pra ela não contar, ela vai contar?
-Não confio em nenhuma mulher pra guardar segredo.

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Nós nascemos com um pré conceito a respeito das fofocas delas, da linguaruda (no mal sentido), da bocuda (tambem no mal sentido) e as suas amiguinhas que não fecham a matraca tanto para pequenos temas quanto assuntos delicados.
É quase um racismo nosso?
É! É sim! E com todos os argumentos possiveis, cabiveis! todas as provas, de todas as idades dentro de um período de vida tão curto que só por isso se tem uma média de 100% sem nenhuma dúvida.
Já vivenciei a bola fora de contar para alguém que, ao menos, pensava eu, não tinha nada a ver com a vida de um casal de amigos, mas não, essa querida, incrivel mulher (não é sarcasmo, ela realmente é incrivel), (mas é uma mulher, logo...) não aguentou, ela achou que ela (sua conhecida, nem amiga era) precisava saber daquele segredinho, achou que estava fazendo um bem para eles ao contar a verdade na cara. Custava mentir porra?! Mentir não é ruim, é simplesmente natural, esse tema já está é gasto, e gasta, a esposa do gasto, sabe de tudo e conta sempre pra todo mundo.
Mulheres tem uma pré disposição a contar as coisas, elas precisam se abrir (aqui fica um duplo sentido irônico machista que não era planejado, mas ta valendo) sempre, é algo da natureza delas (ou seja, não é culpa delas), simplesmente não conseguem por isso pra dentro e deixar lá (sempre tem que sair! droga, não era pra ter tanto duplo sentido isso aqui), engolir as coisas e digerí-las sozinha. Não importa qual, não falo de uma em especial, isso é quase uma guerra contra todas as mulheres do mundo. Afinal, todas, e até hoje, todas que conheço contaram tudo que lhes foi pedido para não contarem, não para todo mundo como um placar imenso de marketing não pago, mas para um amigo íntimo, para aquela pessoa que elas confiam, seu marido, pai, tio, ou pior, para uma amiga que elas confiam que não vá contar, o que é o pior erro. Já que se contaram pra ela, disseram pra não contar, então porque diabos ela se ilude pensando que a amiga vai ser capaz de guardar segredo enquanto que ela não foi? Absurdo! Ignorancia!
Isso tudo, é triste, é um machismo imenso? Tambem, mas por favor... mulheres sempre tem uma amiga pra se juntar e por o papo em dia, contar tudo, desabafar, levar o lixo pra fora, papear, blablabla blablabla. Qual mulher não tem uma melhor amiga do coração que sabe de praticamente tudo? Até as melhores posições no sexo daquela noite de farra com o garanhão do seu tempo? Não, claro, não é sempre assim... muitas vezes não se conta as coisas, se deixa pra contar anos depois, quando a poeira ja baixou, mas não adianta, sempre contam. Suas ultimas frases de vida sao os ultimos ocorridos da vida dos outros! (hahahaha, a que ponto meu machismo chegou hoje!)

Melhor então mentir? Tu está sugerindo que se minta o tempo todo? Que se oculte as coisas da vida dos outros?
Sim, to mesmo, e com toda a segurança de que isso nos levará a um mundo melhor.
As mentiras amenizam o mundo adulto, deixam as coisas mais suaves, são como molas dos carros sociais, a mentira tem perna curta neh? antes curta que não ter! Maluco!
Agora, sendo pontual, direto em cada casa extremo. Primeiro, sempre tem o casinho de alguém1 sabe da relação a 2 de alguém2.
alguém2 é casado com alguém3, e mantem escondido alguém4. alguém1 acha que a mulher (3), deve saber disso, para tomar um rumo na sua vida, para mostrar-lhe a verdade, porque a verdade, meus queridos, valem mais do que tudo! Besteira!
O marido sabe mentir, ele volta pra casa sempre sem nenhuma pista, sempre sem marcas, ele se cuida direitinho e mantém sua vida normalmente com sua esposa, a diferença eh que relaxa nos braços de uma outra mulher as vezes. Neste caso, o alguém1 nao deve contar porra nenhuma, isso é assunto deles, da vida deles, ele nem devia saber disso pra garantir um mundo feliz. No caso dele contar a mulher, ela vai brigar, espernear, vai terminar com o marido. O marido talvez se arrependa, talvez nao, junte suas coisas e vá embora e pronto, o alguém1 não vai trazer outra coisa senão uma desgraça pra vida da mulher, que descobre que o homem que amava a traáa com uma vagabunda (na visão dela, é claro), ela vai ficar triste, e com orgulho vai dizer que foi melhor assim, enquanto seu coração gostaria de ser cego a tudo isso e voltar no tempo para nunca saber disso. Outra hipotese, eh do marido ser cruél, ruim em casa, nao dar atenção a mulher dele e tambem ter uma amante, nesse caso quando ficasse sabendo, só aceleraria um processo de destruição criativa, que na realidade provavelmente faria bem aos dois, mas não segue o curso natural, ou o homem deveria ter vergonha na cara e admitir que nao a quer mais, ou a mulher deveria gostar tanto do homem dela a ponto de ou ignorar a amante, ou descobrir tudo sozinha, porque se ela quer saber disso, se ela desconfia, ela iria correr atras do que quer.
Nesses casos ali, podem trocar os personagens o quando quiser, pode pôr amor, pode pôr ódio no meio, pode pôr brigas entre familias, não interessa, mentir ou dizer que não sabe de nada é necessário para que aquele casal se resolva sozinho, a vida é deles, porque diabos alguém1 tem que se meter no meio e achar que deve definir o destino deles? por um ponto de interrogação na relação que ele não faz parte? Isso é quase inveja.
Outro caso, são aquelas coisas que são importantes de contar. alguém1 sabe que alguém2 vai viajar na proxima semana, contudo, alguém2 nao contou pra ninguem a não ser alguém1, não queria que ninguem ficasse sabendo só pra fazer uma surpresa, ou pra deixar alguem de boca aberta tanto pela partida quanto pela chegada em outro lugar. Algo simples, pequeno... mas não, tinha que contar pra alguns porque eh uma fofoquinha interessante afinal de contas, eh como se estivesse numa fila de espera e nao tivesse nada pra fazer com as mãos, dai tu fuma pra se ocupar, no caso ali, quer puxar papo mas nao tem assuntos próprios ou apenas quer comentar algo assim. Não, não interessa porra nenhuma se vai fazer diferença ou não. Era só o pedido de alguém1, pôxa vida, ele só queria que ninguem soubesse a não ser alguem2, é tão dificil respeitar essa opinião para manter a vontade dele? Ninguem precisa saber disso, nao vai influenciar na vida de ninguem, e mesmo que influencie, não é alguem2, que é apenas um espectador do fato (ou nem isso, só ficou sabendo de longe) , que deve contar para os outros, quem tem esse direito é quem faz parte dos acontecimentos. É quase como olhar um filme e ver o ladrão se esconder, depois tu conta pro mocinho nao entrar lá porque lá está o ladrão, isso tira a graça do filme, tira a graça da vida, faz o esforço de se esconder do ladrão ser completamente inútil e ainda desgraça a vida dele chamando os policiais.
Segredo, é segredo, se não fosse, se lançaria livros com esse nome por ai!
Então não se deve contar a ninguem? Não exatamente, ao menos no meu caso, eu posso dizer, confiante e com orgulho que existe um grupo de amigos X, que posso contar a eles e pedir que não conte até mesmo para os outros do grupo e eles não contarão, esperarão que o que tem direito de contar, o que começou o segredo, defina quando eles devem saber. Muito por acaso, não tem nenhuma mulher nesse grupo de amigos. E como que eu posso garantir isso?! Em todos esses anos nessa industria vital... NUNCA me ocorreu nada que tenha ocorrido varias vezes em casos com mulheres, e quando digo esse nunca, não é em muito tempo, é nunca mesmo, até hoje, jamais ocorrera um evento tal em que se perde a confiança. Acredito conhecer bem essas pessoas, confio no meu julgamento, e quando ousei confiar nele para mulheres... me dei mal, e não só eu, eu vi muitos no mesmo saco...
Finalizando, isso não é machismo, é o que acontece desde sempre, mas elas não tem culpa, isso é culpa, pra começar, nossa, que desde sempre mandamos no mundo, portanto elas só podiam fofocar dentro de casa com outras pessoas pra ficar sabendo das coisas que aconteciam lá fora. Depois, temos a midia divulgando todas as coisas com tanto glamour que qualquer um se sentiria muito mal em ser o último a ficar sabendo.