segunda-feira, maio 12

Aqui no cartoon network

Ele ainda sentia suas pernas naquela noite. O céu estava bem estrelado, e tudo indicava que dia de amanhã seria muito bonito, ao menos, o céu faria sua parte. Saiu de casa com uma enorme vontade de se divertir, estava "a ponto de bala", estava louco por diversão, queria aproveitar a noite de uma maneira que ele realmente havia aprendido a fazer, de uma maneira espontânea, natural, uma maneira hilária, louca e contagiante, queria deixar de lado aqueles problemas todos e cantar alto as músicas que tocassem, não queria soltar a franga, queria pegar uma franga pra dançar (e não entendam mal), queria viver mais uma noite com mais intensidade em excesso.
Maldita hora foi a que ele olhou pela janela antes de sair. Ele viu aquelas árvores. Eram as árvores da ilusão, as árvores que lhe faziam pensar, quase como fantasmas que vinham para assombrar seus sonhos, seus sonhos sonhados acordado para aquela noite. Não tardou a ver-se em constante auto-contra, perguntando a respeito de tudo que estava indo fazer, se auto-questionando sobre as razões das coisas. Ele já havia combinado numa razão para tudo, já havia feito um pacto, um pacto com o seu lobo e resolvido as coisas. Parece que o lobo voltava a atacar, descumprindo o pacto e deixando-o doente, doente da cabeça, novamente.
O início foi interessante, talvez um pouco sério demais, mas a noite estava começando de maneira boa, mesmo que ele mantivesse, internamente, pensamentos muito analíticos, ele conseguia se distrair e descontrair com tudo. Não tardou, e logo viu Mônica sentada numa cadeira ao lado. Ela não estava lá, não era tão chegada assim aquele tipo de bar, o melhor bar do mundo, para ela, era apenas mais um bar com apenas umas melhorias. Era sua imaginação voltando a brincar com ele. O lobo fazia fantoches quase reais ao seu lado, brincando com seus sentimentos, a tanto tempo quietos. Ele sabia, ele queria apenas Mônica, sentia mais saudade dela do que tudo na vida, queria novamente abraça-la e beija-la com carinho, queria fazer amor com ela, e depois um sexo, para descontrair. Terminaria comendo torradas sem presunto na cama, ou olhando televisão em baixo das cobertas num dia de inverno tão agradável (ao menos seria para ele, já que ela, friolenta que era, não tinha como gostar do inverso se não fosse por seu corpo sendo aquecido pelo dele).
A coisa desandou muito rápido, viu sua imaginação brincar com ele, viu sonhos acontecendo enquanto os amigos (e ele também, riam), ele viu que estava decaindo, e se esforçou para não estragar a noite de ninguém, mas estava difícil, o clima, o blues do céu estava baixo demais.
A festinha tinha de tudo, ao menos, ele esperava que tivesse. Viu coisas lindas, viu pessoas que ao menos de longe e de boca fechada pareciam boas pessoas. Estava reparando em como uma loirinha dançava quando de repente lhe veio a idéia simples e que talvez ela estivesse por ali. Deu uma volta por dentro da pista depois de tirar uma água do joelho, estava um tumulto, viu muita gente que ele, apenas de olhar, odiava (o estilo lhe fazia ter vontade de matar). Ficou terrivelmente decepcionado ao apenas imaginar que ela poderia estar ali, agora, pensando com um pouco mais de calma, diante de letras... pensou que, se ele estava lá, porque ela, não estaria? E se estivesse procurando por ele naquela festa, se estivesse irritada também, jogada num canto bebendo e/ou fumando? Não estava, pois ele lembra de ter procurado-a, ao menos de olho.
Restou-lhe contar as moedas e ir para o calmante de alcatrão, ocupar as mãos, e com sorte, parar de pensar. A fumaça que sorvia vinda de fora, lhe penetrava nos pensamentos e passava a fazer parte das miragens que ele via, estava completamente sozinho enquanto pensava nela, naquela desgraçada que ousava desaparecer sem precedência alguma. Ele já havia aprendido durante a viajem aquele belo país comprido, entendia que ele não era alguém de festas o tempo todo, era do tipo bar o tempo todo e com sorte, naqueles dias, uma boa festa. Aquele dia, não era um daqueles. Estava muito pensativo e a noite não rendeu nada além de mais sonhos para cumprir. Isso é bom, visto por um lado, contudo, já estava com uma boa pilha de sonhos para por em prática, e mesmo não sendo algo muito grande, tinha de cumpri-los. "Enquanto sonhar, viver", pensou, e colocou bem bonito em letras grandes e vermelhas em sua cabeça, enquanto as luzes piscavam, e ele, como um garoto perdido na estrada, via aquele letreiro no meio da noite, e aproveitava sua luz para guiar o caminho para o clarão ao lado da estrada e fazer sua barraca.
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As pessoas estavam despreocupadas, estavam largadas ali, mexendo, ignorando a estupidez de seus movimentos do que alguns chamam de dança. Estavam todos ali delirando com a batida sem notas progressivas, sem instrumentos de corda e apenas bits eram convertidos na saída de caixas de som, fazendo com que todos tirassem um tipo de etiqueta para fazer charme para outras pessoas, se entrosavam, alguns queriam apenas "trosar" mesmo, enquanto outros ficavam mais de canto, de pose com suas bebidas em mão e peito estufado olhando para mais uma gatinha que passava. Existiam putas lá, existiam putos e também ficou impressionado ao ver um fogão a lenha, não exatamente um fogão, senão que um aquecedor mesmo. Sentia como se apenas aquele babaca, era o único que não conseguia descer do pilar normal da sociedade para se divertir junto com eles. Ele analisava, que deveria parar de analisar, deveria se soltar mais, deixar os instintos mandarem e fazer as coisas mais estúpidas que só ele faria na vida, mas não, ele tinha um bloqueio próprio para ser chato, ele sabia ser frio e distante de tudo, e mesmo na multidão, ele estava sozinho, estava feliz e infeliz por isso, gostava de se sentir superior em sua cabeça estúpida e pensar "Tolos imbecis, não sabem que são apenas ondas sonoras? Não entendem nem isso?! Movimentos inúteis e patéticos". Ele pensava junto disso que ele era mais tolo e mais imbecil que os outros, mas de alguma maneira, ele gostava disso, seu lobo queria ser do-contra novamente, queria ser o que todos não eram, ser o X no meio dos Y. Estúpido sozinho, pensava, agora sobre psicologia, que talvez isso fosse apenas porque ele sabia, que nunca fora um dos pop quando mais jovem, era apenas mais um, e normalmente não era por extenso, senão que "+1", simples e discreto. Ele queria chamar atenção dos pais, amigos, familiares e até desconhecidos, queria mostrar-se, estava complexado de tanto tempo ser discreto.
Discreto, porque ele gostava disso? Gostava, ele já sabia, do elemento surpresa. Quando todos esperavam que não fosse nada de mais, mostrar que é algo mais, algo um pouquinho além das expectativas, além da sua expectativa. Era isso, ele queria ser superior, queria passar os outros, e isso estava destruindo-o, pois não conseguia pensar em como ser superior a eles, a todos eles, todas as pessoas do mundo, todo o conhecimento do mundo, todos os lugares que precisava conhecer e entender sua história, todos os acontecimentos que deviam acontecer, tudo, ele queria abraçar tudo, ser muito maior que aquilo que via, que sentia. Esse era seu problema.
Era por ela. Talvez isso fosse o pior, ele sabia que tudo que fazia, não era para ele, senão que para encontra-la e ter toda a certeza de que ela desejaria a ele, e única e somente a ele. Precisava crescer, estava ficando maior, mas não estava crescendo. Perdeu o compasso do auto-crescimento e estava se perdendo no ritmo, enquanto o lobo atacava para proporcionar-lhe agoniantes pensamentos ou sem saída, ou com tantas que valem o mesmo que nenhuma. Era no peito que estava o problema, ele queria te-lo preenchido novamente, queria que alguém colocasse algo lá novamente, um significado, uma idéia, talvez até, um caminho.
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Suas pernas já doíam quando acordou, foi lentamente até o banheiro passar uma água fria na cara, contudo, sabia que aquele dia, não tiraria o pijama. Não tirou, já era noite, quando lembrou que existia uma feira relativamente interessante para visitar junto com amigo(s), talvez por causa do "relativamente" ele não tivesse lembrado automaticamente durante a tarde. Pois bem, jantou com gosto uma comida gostosa que a mãe fez e foi passar o tempo na frente do computador. Não adiantou tanto assim. Ele pensava nela, e parece que até ele voltar a cair em seus braços, ele seguiria pensando. Mônica maluca, onde diabos você está?

2 comentários:

Gustavo R. Moraes disse...

tentei me inspirar com o teu post
mas não deu...
o teu já disse tudo!

Anônimo disse...

"Era por ela."

Sempre por ela(s), e o pior não é isso. O pior é acreditar que se agente for o dono do mundo vai adiantar alguma coisa...

É difícil entender que até reis foram infelizes.

Eu tenho que dizer, essa é a ficção mais real que eu já li!