terça-feira, março 5

Mulheres do Século 20

Terminou agora, ainda no mesmo monitor antigo, que uma vez foi ótimo por ter um hub USB embutido. O ar está ligado mesmo sendo 3 de março e onze e meia da noite. O colchão no chão da sala me faz sentir como um adolescente. Ou melhor, como uma criança brincando de cabana com as cadeiras da sala.

Por algum motivo que não sei explicar, sou naturalmente introspectivo. Me apego a ideia de pensar sobre a vida com muita facilidade. Repenso o que vivi e o que poderia ter feito melhor. Isso me deixa travado em alguns momentos.

Hoje o filme veio naturalmente me mostrar o que eu tive que fazer por conta própria pra virar homem. Ou melhor, pra me tornar o que sou hoje. Parte disso, confesso, foi não ter ajuda. Ao menos não ter ajuda de forma direta. Ninguém me disse o que fazer ou como agir naquelas circunstancias. Me identifiquei com o guri. Adoraria ter tido ajuda daquela forma. Parece que depois desse período de aprendizagem, o resto da vida se torna abreviavel. Enquanto tudo é novidade, a vida é lenta e incrível.

O crime é o que tenta. Não é a recompensa, ou o lucro. Mas só a sensação de voltar. De voltar mais preparado. Voltar sabendo o que se quer, como se quer, e como se quer. Parece que foi ontem, mas faz anos.
28/06/2021 12:58

domingo, setembro 7

Grupo

- Macaco!
- Vai tomar no cú, vadia loca por uma rola dobrada!

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Acho que era mais fácil terminar tudo assim.
Essa merda de politicamente correto é como se aplicássemos o cinismo na sociedade de forma legal. É da natureza perceber as coisas de maneiras diferentes conforme a aparência, conforme o que nossos sensores nos proporcionam. Na fruteira tu seleciona a melhor maçã usando os sinais que ela te passa, textura, cor, cheiro.
Nós percebemos o mundo através disso dessas características. Um cara bonito, alto, bem vestido chega para uma garota em uma festa, até que ela sente o cheiro de asa do cara e cai fora.
É mentira dizer que o visual não importa, ou o cheiro, ou o som. É simplesmente ir contra a natureza e negar a realidade.
O circo que foi armado nessa última situação é digno de Oscar.
Chamar alguém de preto, sendo ele de fato, preto, não passa da realidade.
O fato de alguém se ofender com isso, mostra, pra mim, uma clara falta de auto confiança.
Nós somos o que somos, não é? Um cara preto deveria se orgulhar tanto quando um cara branco por ser como é. Deixar-se ofender por uma coisa assim é diminuir-se. É deixar que o outro torne sua existência uma ofensa.
Se alguém baixo se ofende por ser chamado de nanico. Você é nanico, você é um anão. Paciência.
Agora o que precisa é de força e auto confiança para lidar com pessoas ignorantes que tentam usar os seus atributos como ofensa. Quando você deixa isso acontecer, você perdeu. Seu nanico preto aidético judeu retardado otário.
Fazer isso é feio, mas simplesmente não fazer também não é realidade. Suas características pesam, sejam elas qual forem, isso pode te levar a ser uma pessoa ou outra, quem decide é você, sua força e sua sorte.
No final das contas, acho que o que queriam mesmo era falar merda sobre racismo, com sorte o Grêmio desvaloriza por não participar do Brasileirão e fica mais fácil de ser comprado.

quinta-feira, agosto 28

Bilhete

Acorda fumando, sente ainda o som daquela guitarra reverberando no fundo.
Uma gaita surge de leve, acrescenta o tempero.
Viaja no som, no cigarro forte ardendo a garganta.
Se da conta daquele tempo, das palavras, das notas.
Ela ficou pra trás junto dos bilhetes, das notas.

Não é fácil engolir a verdade, ele engasga.
Olhou pra fora, aquela cidade brilhante depois de sua máscara de fumaça.
As pessoas não vivem ou morrem, apenas flutuam, apenas afundam.
Sopra a fumaça, vê o passado. Flutua na gaita.
É um campeão, de casaco. Um velho leão.

Olhou pra ela, você quiser dançar?
Ele tinha no rosto, uma máscara sorridente.
Não pode se levar pela música, pelo ritmo.
É você que se satisfaz. Não é a gaita, não é o ritmo.
Ela esteve embalada nas notas. Os pés rápidos, no ritmo.

As janelas abertas, uma brisa de furacão.
O velho coração volta à cidade.
Toda mente do homem, é vil, é depravada.
A gaita surge como uma navalha, afiada.
Não existem erros na vida, diz o bilhete, a nota.