quinta-feira, agosto 28

Bilhete

Acorda fumando, sente ainda o som daquela guitarra reverberando no fundo.
Uma gaita surge de leve, acrescenta o tempero.
Viaja no som, no cigarro forte ardendo a garganta.
Se da conta daquele tempo, das palavras, das notas.
Ela ficou pra trás junto dos bilhetes, das notas.

Não é fácil engolir a verdade, ele engasga.
Olhou pra fora, aquela cidade brilhante depois de sua máscara de fumaça.
As pessoas não vivem ou morrem, apenas flutuam, apenas afundam.
Sopra a fumaça, vê o passado. Flutua na gaita.
É um campeão, de casaco. Um velho leão.

Olhou pra ela, você quiser dançar?
Ele tinha no rosto, uma máscara sorridente.
Não pode se levar pela música, pelo ritmo.
É você que se satisfaz. Não é a gaita, não é o ritmo.
Ela esteve embalada nas notas. Os pés rápidos, no ritmo.

As janelas abertas, uma brisa de furacão.
O velho coração volta à cidade.
Toda mente do homem, é vil, é depravada.
A gaita surge como uma navalha, afiada.
Não existem erros na vida, diz o bilhete, a nota.



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