quinta-feira, março 19

café médio

Eu saí da mesa de trabalho e me encaminhei para a escada que me levaria a máquina de café. No meio da ida, barulhos e resmungos um pouco mais altos que o normal vinham do enorme buraco que existia entre o primeiro e o segundo andar na parte interna do prédio.
Parei por um instante e saquei o celular do bolso, para caso alguém me fitasse lá de baixo, imaginasse que eu estivesse com a atenção presa ao celular, enquanto meus ouvidos se aguçavam para escutar tudo e qualquer ruído que pudesse vir lá de baixo.
Era um homem gordo e de voz rabugenta. De terno. Ele resmungava coisas e junto a outros dois homens, não vestidos com o casaco do terno, resmungavam junto contra um quarto homem que com uma prancheta na mão, anotava coisas.
O gordo resmungava:
“isto não estava de acordo com o projeto!”
“quero que isso seja feito assim, como foi combinado.”
“vamos resolver com meu advogado caso não saia como o planejado!”
Ele subia o tom e diminuía conforme fosse necessário até fazer o homem da prancheta concordar e fazer mais anotações.
Um cliente. Pensei.

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Depois que me desinteressei da conversa deles, segui em direção à máquina de café de graça. Coloquei um copo dos de água, e apertei a opção dois. Café Fraco. Logo em seguida, apertei a opção três. Café Forte. Assim saía de lá com meu café médio num copo um pouco maior que o que se deveria usar e pensando...
“Mas aquele gordo não tinha nada de terno... a não ser o terno!”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que conheço este lugar... Me identifico com ele em algum momento do espaço-tempo. A máquina de café ruim. Talvez já não seja mais a mesma. =)