domingo, fevereiro 3

depois da diversão

Foi no bar eu acho, a pouco tempo atrás, que discutiu sobre eles... As "crias".
-Não era esse o sentido da vida? Se começa aprendendo, se diverte e depois se procria.
-Mas eu pensei que a prociação fosse uma das diversões! :P

Mais uns goles de uma Daqui e foi-se a noite.
Por completo acaso, ontem viu coisas acontecerem... a começar pela casa nova de um amigo... casou, finalizou sua casa nos fundos da dos pais. Comprou televisão enorme widescreen, além de dois computadores para marido e mulher (não devia ser marido e esposa?) brincarem juntinhos; cama de casal; cosinha novinha alá casas bahia com umas prestações ainda para pagar; escolheram as cores juntos e comprar até um açucareiro de bar na pressa de morar junto.
Montando casa, montando família. O neni ainda não vem, e parece que nos planos não está previsto orçamento para neni, mas vai que acontece... notou que as pessoas estão crescendo, mas por aquela noite, lá ficou.
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Bom dia!
Já era hora de levantar, arrumar cama, tomar café. Um pouco de televisão, uns papos bacanas e lá vamos nós. Pegou o trem pela manhã de domingo, veio vindo tranquilo, como se conhecesse a cidade estranha (e diga-se de passagem, feia).
Sentando olhando pelos vidros do vagão, notou a presença nada discreta de duas crianças brincando, um carrinho amarelo bem bonitinho andava de um lado a outro do trem. Apenas um pedaço de plastico bem moldado fazendo toda a diversão daquele momento... que bacana.
Lhe veio a cabeça, como educar uma pessoa assim, "sem noção". Logo depois, viu uma cena incrível, uma das crianças, um gurizinho de uns 4 ou 5 anos, vestia um macacão de brim com um bolso no peito onde se encontravam dois papeis que tinham (visto de longe) uma cara de propaganda entregue na rua. O outro pegou um dos papeis do bolso do de macacão e esse ultimo instantaneamente deu um breve gritinho, era um "é meu! mãe! faz ele me devolver!". Que engraçado isso...
O final da viajem foi boa, nada de mais, apenas idéias surgindo na cabeça e um certo vazio na barriga (talvez, fome).
Andou pelas ruas do centro tendo certeza de sua posição geográfica. Arriscou consigo:
-Não vou pedir informação, posso ir por ter noção de onde estou.
Reafirmou a idéia, e deu o primeiro passo. Logo se via, semi-perdido nas ruas finas da cidade...
O acaso é incrível. Do outro lado da rua, uma menininha com seus 3 anos ou menos andava de gradachuvinha rosa, e parecia sozinha... uns passos a frente uma mulher (provavelmente sua mãe) andava devagar, meio que esperando por sua filha que contava seus passos e olhava sempre pro chão como se procurasse alguma coisa, ou como que para não pizar entre os vãos das pedras numa brincadeira de louco.
Desacelerou o passo e prestou atenção... "Elena! vamos Elena senão eu não te espero hein!"
A garotinha parou um pouco, olhou pra frente e deu uma breve corridinha pra chegar até a mãe. Era desajeitada e com a sombrinha rosa dificultava sua locomoção. Não que chovesse, apenas havia chovido e as sombrinhas ja estavam fechadas e pro lado.
Como lidaria com essas coisas quando fosse sua vez?
Como diabos prever o que as crianças vão entender das coisas? São pessoas ainda sem experiência, não é possível preve-las!

"Por favor, vamos Elena..."
"Anda sua desgraçada!"
"Vamos apostar uma corrida?"
"O que está procurando? Garanto que em casa temos algo bem melhor, que tal se for mais rápido?"
"Vai dar aquele filme que tu gosta hoje, vamos rapidinho pra não perder o começo que faço um chocolate pra ti"
"Anda Elenaaaa... não tenho o dia todo..."
"Vem aqui na garupa, vem"
"Quem sabe tu não começa a rastejar se é pra andar tão devagar?!"

O que a faria entender melhor? Entender que existe respeito, mas que queria que andasse um pouco mais rápido? Só queria ter a segurança que tem quando supõe ações de adultos.

Viu elas ficando para trás no outro lado da rua... e seguiu seu caminho pela manhã...
Como se atiranssem idéia na sua cabeça, um pai saiu com sua filha de casa. Uma loirinha bonitinha que já parecia entender as coisas, afinal, usava óculos.
O que fazer para que se acaso fosse uma filha a criasse de tal maneira que ela jamais fizesse sexo com rapazes? Afinal, isto é o terror de todo pai, ao menos em sua visão. Não dá, sabe que não. Mas quer insistir... Deve haver uma maneira... Nem filha tem, e ja tem medo que o "pior" ocorra. É acontece. O melhor seria uma boa educação, que ela fosse esperta, que soubesse escolher e soubesse se virar melhor que ele mesmo, ai sim, isso seria o melhor, já que o "pior" nunca poderá ser evitado.

-Olha! uma moeda!
De súbito o pai parou, e olhou pra baixo logo avaliando:
-Acho que é uma pilha hein...
A menina parou e se abaixou para pegar.
-É... não é uma moeda, parece uma tampinha.

Continuaram caminhando, e continou a pensar enquanto vinha atrás, um pouco mais lento...
O que fazer? É algo complicado. O episódio de friends pela manhã justo era sobre isso, tudo lhe mostrava coisas sobre tal tema. Aqueles momentos que algo vira tema geral e tudo é sempre sobre aquilo. Não tem medo de que aconteça, o medo não é esse, o medo é o resultado posterior, como seria alguém criado por ele? Afinal que tipo de pessoa seria quem vivesse sobre sua influência constante na infância? É uma responsabilida absurdamente colossal, é uma responsabilidade que da medo de encarar, é como pensar assim: "Ou tu é bom o suficiente para deixar a vida dessa pessoa boa, ou tu vai acabar com a vida dela." Obviamente não se pode culpar pelas ações depois de crescida, mas despois de crescida já faz parte do resultado que ele gerou enquanto criava... A loucura toma conta... cada coisa, cada detalhe, pode influenciar...
No final, ou melhor, quer saber? que se foda. O certo é ser como sempre se é, e se sua esssencia é realmente boa, então mal não fará.... ou não.

Um comentário:

G. Marelli disse...

O "neni" se preocupa demais.
Take it easy!

Mas que bonito rato, eu entendi bem tudo o que tu escreveste!