sexta-feira, setembro 19

eu não sei o que dizer

Fazia mais de uma semana que ele não se encontrava com ela, isso significa, sem toques, nada de beijos, nada de abraços, só palavras que voam pelos fios da cidade até a telinha de cada um, nem mesmo um dia durante toda uma longa semana foi escutado a voz daquela outra pessoa, longe, com quem ambos se importam.

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Pare de sacudir a cabeça
Você parece uma galinha no picadeiro
Um palhaço no galinheiro ou um cego
Depois de tanto dizer não, se esquece dos argumentos
Me ajude, minha vida tem mudado de tantas maneiras
Não importa quando se bata a cabeça, eu me sinto inseguro
Eu sei que só preciso me acostumar com tudo que nunca fiz antes
Me ajude a manter o equilíbrio, a não cair de costas
Há tempos atrás eu era tão jovem e tão confiante, dono do mundo
Sabia exatamente o que fazer o tempo todo,
Dizer não para os legumes, trepar em árvores, jogar bola, bater bafo
Sabia que a escola era onde eu podia perguntar a vontade,
Aonde eu devia parecer melhor que um limite pré-definido
Agora tudo se foi, a escola acabou, os pais não mandaram mais
Tudo que eu tanto queria, inútil, estou perdido, sem ser mandado
Sou agora um homem sem lugar, sem casa, um menino sem a asa dos pais
Tudo foi tão fácil até aqui, e agora eu me pergunto: "e daí?!"
Não tem Raul que responda a porrada de coisas que eu tenho que fazer
Agora cada passo é meu, every step, every error, every love. Tudo agora é meu
Oh sim! Aquela garota... Agora podemos voar atrás dela,
Nada de urubus, apenas mais um garoto que perto de uma mulher é só um garoto
Eu sei que tudo vai estar bem, é como dizem os romantico/bestas “Se tudo não está bem no final, é porque não é o final"
Os problemas são tão idiotas agora, a viadagem faz de qualquer vinte anos
Vinte inseguranças, vinte falta de escolhas e um bilhão e seiscentos sonhos pra se realizar
Assim como abrir uma firma. Porque não?
Não bastassem aqueles românticos macacos evoluídos, cada um com sua paixão
Obsessão e loucura, caminhando lado a lado, querendo fazer do plano, quadrado
Do quadrado círculo para finalmente com mais dois pontos o sol e a lua iriam brilhar
O sol até amanhã, a lua hoje de noite. Com ou sem música, agora mamãe não vem mais dizer
"deixe ser...". Os guerreiros estão muito rápidos lá fora, agoniando na sala do hospital
A cabra que ninguém lembra qual governador deixou, está cagando de novo no corredor
Pobre moleque sem pai nem a puta mãe que o deixou no lixo, agora vai limpar a bosta toda
O tempo vai passar, e a bosta não vai mudar, senão de adubo para a mente daquele pretinho
Tudo é preto, 50% dos pretos são verde. 50% são preto. E os outros 45%... Acabaram de pegar aids
Tomara que morram, tomara que exploda a periferia toda.
Ninguém vai lembrar-se de quem limpava a merda quando cada um tiver de limpar a sua
Vidinha malemolente vai dando baques todo dia com os pés enquanto se afunda até o tornozelo
Mesmo com a querida Lúcinha no céu, ninguém vai ver os diamantes, vão ver os pretos roubando
Os brancos roubando os pretos e os pardos rezando.
Falta amor, falta deus falta a tua vó. A balbúrdia começou cedo demais, eu devia escrever amanhã, não hoje enquanto todos morrem, só amanhã, sentado nos cadáveres. Vou rir até a morte, até da morte. Provavelmente ela se veste mal, e espero morrer num verão, assim ela virá suada e vou poder dizer com um sorriso largo.
"Suei até a morte"

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