sexta-feira, setembro 19

soprando denovo

A 120 km/h aquelas quatro rodas giravam em direção a uma possibilidade. Passou por uns policiais, pensou escutar um assovio quando avistou aquele pássaro observando todos passarem. Com uns locomotores chegou ao destino, nada de novo nas redondezas, fora a expectativa.
A chuva caia com força enquanto aquele corria até um clássico telefone público. Tirou-o do gancho e um som estranho emanou, algo como um gemido eletrônico. A luz do display piscou, deu um tempo querendo ligar até que finalmente apagou. Tornou a fazer isso nas outras tentativas. Depois de tentar em mais dois telefones, depois de mais chuva... Concluiu. "Preciso de um celular."
Enquanto se xingava por não ter um, tomou mais um pouco de chuva na cara correndo pra outro telefone público. Finalmente funcionou. As saudações e instruções foram breves mas precisas.
Depois de dobrar um par de esquinas, encontrou ela caminhando pela esquerda na rua com uma sombrinha. Tão belíssima imagem ver aquela garota flutuando sozinha na calçada em meio a chuva torrencial, olhasse sem conhecer diria sem destino, mas estava procurando-o, linda morena que o buscava com seus olhos castanhos. Fitou levemente o carro que acabara de passar sem nem mesmo notar a admiração que provocava no rapaz do carro preto. Numa olhada e manobra igualmente rápidas fez a volta e parou do lado dela. Da surpresa ao lindo sorriso até os calcanhares e ela entrou no carro.
Primeiro as saudações calorosas dentro do carro, logo estavam rodando sem muita direção. Apenas rodando, conversando pouco, carinhos de mão e pequenos toques. Foram a um pequeno lugar, uma espécie de petiscaria que também incluia xises no cardápio. A noite se prolongou dentro daquele lugar enquanto eles conversavam e riam. Deu tempo de conhecer o banheiro duas vezes devido as garrafas da velha Bohemia amiga. Conheceu a amiga dona do bar/lancheria/petiscaria/coisa e foram-se para lugar nenhum.
A noite foi ardente entre os labios dela e até mesmo os dentes dele.
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A volta pra casa foi feita com um frio gelado, sozinho. As rodas giravam como deviam, sem pressa, apenas o levavam para casa enquanto ele sabia que novamente o vento aprontava mais uma. Aquela janela aberta e o cheiro subindo do asfalto lhe dizia o que fazer.
The wind of changes blowing again...

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