terça-feira, junho 19

Montanha Chilena

As vezes se deseja que as oportunidades não apareçam. O comodismo. Não. Não se trata de comodismo, mas de certas áreas das coisas que parecem cada vez mais se encaixar e dar certo, como se fosse um caminho perfeito já traçado aguardando que o tempo passe.
No meio do caminho tinha uma pedra. Não exatamente uma pedra, tinha uma escada? Um atalho? Tinha uma bifurcação, parece, talvez aqueles caminhos que se seguem quase juntos um do outros, separados por um pequeno trecho de terra que faz a distinção de cada estrada.
São coisas que acabam por acontecer, e forçosamente moldarão nossas vidas de forma irreversível. Assim é todo o dia, todo o dia que se faz a mesma coisa, mas nem se nota isso durante o cotidiano, não existe uma diferença de direção, então a partir da física, se é estável, não é sentida. As curvas, as ondas e a mudança que da a sensação de que direção. Certa vez um velho disse que quando andava com seu fusca pelas ruas da cidade se forçava a andar em zigue-e-zague, de tão vazias, e ficava bem claro que eram as curvas que faziam a diversão da corrida.
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É uma coisa estranha quando acontece. Um sentimento que não se tinha memória, uma dor da saudade que ainda não chegou, mas já se está preparando para ela. Será forte, intensa e contínua. Será certo? São as mesmas perguntas quase sempre, são dúvidas que aparecem e não se faz ideia do que se está fazendo, sentimentos que aparecem e nos levam a atitudes, que nos levam a novos e velhos sentimentos.
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Aquele vazio no centro do estômago, aquele buraco no centro, a culpa, irremediável.
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A história que já ensinou algumas coisas não pode ser ignorada. Seria estúpido e ignorante se deixasse tudo de lado e seguisse repetindo seus erros com arrependimentos cada vez maiores. As decisões sem resposta certa, só com aquela coisa de quem sabe, quem sabe, talvez isso, mas e se. Não se tem previsão de nada.
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Se pensa sempre no que se poderia acontecer, eu sei que não da pra pensar demais nisso. Enquanto estamos sem sentir tudo isso é quase óbvio dizer o que devemos fazer, mas quando esse turbilhão de coisas acaba por passar no centro de nosso ser, acabamos assim, cada vez com mais dúvidas.
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Penetram vontades de se enraizar, de se fixar e fazer com que aquele sonho seja real o mais rápido possível. Aquela coisa de construir junto, aquela história que mal começamos. A história que estamos começando não pode ficar por isso. Não vai ser fácil, eu realmente sei, mas também tenho o conforto de saber que é possível. Quando li 'contigo e não abro', veio o conforto. E como uma onda que vai e volta, voltou uma 'sensação de descarte' que me deixa arrependido, me deixa muito pior, confuso e culpado de novo. Faz sentido, fez toda a merda. É merecido.
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Todos os dias andamos nessas ruas, de mãos dadas nos corredores do prédio. Com chuva, como hoje. Com sol, outro dia. E de novo.

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