sexta-feira, abril 11

Auto-piada

Chegou em casa ainda suando. Escorria pelos cotovelos, é verdade. Irritado com seu própio corpo foi logo até o banheiro e melhorou o humor com um banho gelado. Saiu tranquilo e foi pro quarto se vestir. Logo viu a irmã, a gorda, reparou bem no que fazia e abriu o armário procurando as roupas mais comodas para se vestir.
-Tu faz só isso quando está no computador?
-É.
-Hummm...
Ela estava numa rede de comunicação, numa rede social, online. As coisas voam. Yogurt, o nome da palhaçada. Os tempos mudaram. Agora, quando alguém dá uns amaços em outra pessoa, não se pergunta pelo nome, onde trabalha, ou seja lá o que for, se pergunta por um link, um perfil que a própria pessoa montou que diz respeito a ela e a mostra para o mundo todo com uma facilidade incrível.
Lembrou que comentou de um imbecil ex-ex-colega que frequentava a mesma academia que ele para a Suelen. (Um parenteses: Sua irmã frequenta academia. Tem treze anos e um corpo normal, o apelido de gorda é maldade dele mesmo.) Ela pediu imediatamente o perfil dele (esta Suelen com 16 anos). Não perguntou nome, não perguntou de quem era amigo nem conhecido ou primo, apenas o perfil. As coisas agora são interessantes até. Não se pratica mais o ato de ser social, ou seja, sociavel, sair por ai, mostrar emoções, se arrumar, ficar bonitinho ou se aprumar todo para uma pelada entre amigos na terça. Triste isso. A nova onda agora não é mais nem namorar pelado, como dizia uma música chula do seu tempo, a onda é namorar de longe, por bits mesmo.
Que absurdo tudo isso, que estupidez imensa! Pensou bem a respeito, conheceu mais gente que só faz isso, aliás, é dificil conhecer alguém que não faça isso. Marketing pessoal de graça na internet. Lugar se fazer amigos. Viu uma amiga fazer até um namorado disso ai, o relacionamento era com base em emotions, rostinhos amarelos que podem ser copiados e colados por qualquer um, ou seja, sem originalidade da pessoa mesmo, mesmo as palavras, estão estampadas num fundo branco, as vezes com cores rosadas e usando pontuação para se demonstrar expressão, tamanha é a necessidade de expressão que se sente mas não se encontra para se expressar. Até onde pensou, os adjetivos e toda a baboseira de portugues e todas as linguas, deveriam ser suficientes para se expressar, e provavelmente são. O que acontece, que pessoas que ixcrevi axim, ou MeLhOr AiNdA, AsSiM, não tem o mínimo conhecemento para se expressar de uma maneira mais culta (culta o caralho! Não passa do minimo dentro de uma sociedade que se diz alfabetizada), e sua saída foi, obrigatóriamente um emotion, um deseinho, igual equeles livretinhos para alfabezar crianças.





P
de
PORCO,
de Porco Feliz.
:D

Isso mesmo, cartilhas de alfabetização. Sorrizo - :D, sorrizo mais feliz - =D, e sempre tem um que se aparece com um skatista: o\-<|:

Podemos ir longe com a estupidez que é isso tudo que parte unicamente pelo fato das pessoas não ligarem mais para se comunicarem, porque não se toca mais pedrinha na janela pra chamar aquela guria, se deixa um recado no mural e pronto. Um lindo depoimento ao invéz de uma declaração com direito a violinistas e rosa na boca. A magia toda se perdeu no tempo, poucos aqueles que ainda lembram dela para se comunicar.
Ele falava falava, discutia, quando de repente se deu conta de seu passado... e nem tão distante assim... concluindo então, deu o título desde texto aqui.

3 comentários:

Anônimo disse...

O passado de todo mundo condena, essa é a verdade.

Menos o meu, claro...!

Schiavoni disse...

não diria condena... diria que ensina, igual a qualquer aula de história.

Gustavo R. Moraes disse...

Quem nunca curtiu um hiphop que atire a primeira pedra!