domingo, janeiro 27

Encontro no mercado

O cara saiu de casa para outro dia de trabalho. Garçom naquela tal cidade, era simples o trabalho mas relativamente puxado. Aconteceu de conhecer uma certa garota no outro dia quando voltava a pé. Era por volta das cinco da manha e ela estava meio que perdida. Invariavelmente bêbada e louca.

- Tu ta bem guria?
- Que que e?
- Pergunto se esta bem.
- Estou ótima.

Ele deu mais uns passos na direcao oposta e parou em seguida para olhar sua reação. Ela estática olhava para as esquinas da rua buscando os nomes das ruas nas placas. Foi inútil, placas velhas de mais já gastas.

- Pra onde tu quer ir hein? Deixa de ser besta.
- Não me incomoda, eu sei pra onde estou indo.

Ela segue pra atravessar a rua e justo passa um taxi buzinando fazendo ela dar uma volta toda torta e desnorteada.

- Que cena de filme, agora deixa de ser besta e me diz pra onde que eu te ajudo, não sou drogado nem estou bêbado. Não ainda.
- Era pro mercado, eu lembro que ficava perto do mercado.
- E fácil, só descer essa rua ate o fim e na ultima sinaleira tu pega a direita. Em seguida tu se depara com o mercado.
- A ta, valeu.
- Beleza, boa sorte e te cuida guria.

Ele nem chegou próximo dela, estava muito acuado pra qualquer aproximação. Acabou indo na direcao indicada mas não demorou nada pra tropeçar no salto. Aquela loira magra estava em queda quase livre ate o chão, felizmente conseguiu colocar as mãos e sua pequena jaqueta de couro ajudou a proteger os bracos quando depois de ralar as mãos caiu de lado na rua. Ele correu ate ela rindo.

- Hahhahaha, mas então ta ne, não precisa de ajuda.
- Para, não ri de mim.
- Heheh, ta bom, vou me puxar. - Levantando a do chão.- Tudo bem?
- To legal, to bem.

Ela visualiza sua meia calca rasgada e da um resmungo de raiva leve.

- Vamos la, te acompanho.
- Nem pensar. Obrigado pela ajuda mas pode deixar que eu me viro sozinha. Só estou um pouco tonta.
- To vendo. Mas não acredito que esteja bem, deixa eu te acompanhar.
- Nada disso guri, pode te mandar pra casa, tua mãe te espera.

Notavelmente ela era mais velha. Maneira de se portar por mais borracha que estivesse ainda mantinha um certo estilo e educação.

- Me deixa te ajudar guria, não tenho nada pra fazer ate as quatro da tarde de amanha. Moro aqui perto e não me custa nada te guiar ate la.
- Ah, para.
- Não, serio, não custa nada. Deixa de ser besta.
- Ta, ta bom. Mas nem vem que não to afim de rolinho nem nada.
- Eu saquei de cara, não te preocupa.

Ele acompanhou a garota, ela seguiu tranquila e ate certo ponto começou a se sentir de verdade segura com ele. Começou a confiar na sua presença. Ele apenas foi gentil e tentou mantela em pé e na direçao correta sem perder muito o rumo. Não tentou nada, não fez nada de mais. Apenas caminhou ao lado dela. Foram bons minutos para cada um. Ela estava bêbada, mas a agua que ele encheu o saco dela pra que bebesse ajudou a recobrar os sentidos.
 Foram quadras e quadras e papos e papos. Uns bestas uns interessantes. Afinal eles não estavam tao perto assim, ele sabia e por isso queria garantir a segurança. Era ela linda. Ele gostou logo de cara da garota. Fazer o que. Acontece. Ela se mantinha distante, mas estava aos poucos caindo na rede. Mesmo mais experiente, queria ser pescada.
Nenhum beijo nem toque aconteceu naquele dia. Ele finalmente foi se despedir dela. Já haviam carros pelas ruas, disseram tchau e nem pediram por seus nomes, apenas disseram tchau.

- Tchau guria, quem sabe nos vemos um outro dia.
- Que? Eu pensando que era um rapaz de bem e tu me vem com essa. Não precisava.
- Não, que isso, só quis dizer que quem sabe um dia... ah, esquece.
- To brincando, quem sabe amanha no mercado?
- Beleza.
- Então ta.

Ele se distanciou dela, deixando a na frente do prédio da tal amiga que ela veio falando. Era pra passar a noite e ela acabou saindo pra tomar umas corujas e deu no que deu.
Já meio distantes ele lembrou que não haviam combinado horário. Gritou quando ela estava entrando pela portaria.

- As duas!
- Beleza!
O grito deu a certeza de que daria certo, entretanto ela entra e comenta com sua amiga
- Quem era o cara?
- Um maluco que conheci na rua, agora, me ajudou a te achar. Bem querido, realmente quero velo amanha.
- Ah sim, ele combinou contigo então?
- Aha, amanha as doze no mercado.

Ambos buscaram por mais de hora por todo o mercado, cada um tomou ate uma cerveja sozinho na esperança de encontrar o outro. Ele ainda acendeu um ultimo cigarro antes de ir embora, olhou a fumaça indo pelo ar durante a tarde. A noite foi incrível, e incrível foi o desencontro.

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